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Tony Neves, em Tarauacá - Acre

O Estado amazonense do Acre marcou-me. Dizem aqui que, quem bebe água do Rio Juruá, um dia há-de voltar! Ora, as águas estão tão turvas, nesta estação de chuvas, que nem mergulhar apeteceu, quanto mais, beber! Mas a vontade de voltar, essa sim, ficou gravada na alma. Devo confessar que, nesta visita, entre as marcas mais visuais, guardei duas: o cartaz exposto em várias entradas da cidade do Cruzeiro do Sul que diz ‘Álcool e direção não combinam’! (mais o menos o mesmo que ‘se conduzir não beba!’) e a estampa da t-shirt que me ofereceram no Natal ‘Acreano, boa gente!’. Ora, só estas frases davam para escrever vários livros, mas prefiro fazer a crónica contando o que vi e ouvi por estas terras de rio e florestas.
Aparecida é o nome da Paróquia junto ao quartel. Ali chegado, tive a honra de receber um convite para a mudança solene e protocolar do Comandante da Fronteira Juruá, Batalhão de Infantaria da Selva. Chovia torrencialmente e multiplicavam-se as paradas e desfiles, diante de autoridades civis, militares e religiosas, incluindo o Bispo. Valeu por perceber que a assistência religiosa às Forças Armadas e de Segurança está a acontecer com qualidade em terras do Acre, marcadas pela urgência de atacar os intensos tráficos, sobretudo de droga, uma vez que estamos perto das fronteiras de selva com a Bolívia e o Peru.
A visita à Catedral mostrou-me um edifício enorme, dedicado a Nossa Senhora da Glória, redondo, iniciado há 94 anos, seguindo a arquitectura das casas tradicionais dos povos índios. No edifício, está a funcionar a já veterana Rádio Verdes Florestas, que presta um serviço grande à evangelização, através de programas de informação, formação e entretenimento. Uma visita nocturna às ruas e praças que ladeiam a catedral, mostraram-me como o calor faz sair o povo à rua e como o Acre valoriza o Natal e investe muito em iluminação nesta quadra festiva.