Tony Neves, em S. Paulo - Brasil
2024 é, para mim e meus irmãos, um ano muito especial que vamos celebrar com intensidade. Foi a 26 de Janeiro de 1924 (segundo o BI!) que nasceu a nossa Mãe e a 24 de Agosto que chegou o nosso Pai. Por isso, vivemos um jubileu centenário. Os nossos pais são sempre as nossas raízes mais profundas, geradoras de vida. Mas também são a fonte onde bebemos valores e o espelho onde, muitas vezes, revemos a nossa identidade e percebemos melhor certas convicções que transportamos e tentamos passar à prática na nossa vida quotidiana.
Fazendo um pouco de história e de memória, volto a imprimir o que escrevi, naquele já distante dia de São Tiago de 1998, quando o século XX ameaçava terminar e já se vislumbrava e se cavavam os alicerces do Terceiro Milénio. ‘Um Pai sem medo’ traduz o sentido mais profundo do curto texto publicado por ocasião da morte do meu Pai: ‘O meu Pai morreu a 25 de julho (1998). Ele estava mais do que eu preparado para o encontro com Deus. Toda a sua vida foi de entrega a Ele, através dos compromissos na família, na sociedade e na Igreja. Dizia muitas vezes: ‘De morrer, nem tenho medo nem tenho pressa!’. A morte não o assustava, porque a Fé era um pilar forte demais para que a partida deste mundo fosse considerada uma tragédia. Mas, por outro lado, ele amava demais os seus e, por isso, gostava de estar connosco’. In ‘Crónicas com Missão, Ed. Paróquia da Foz do Sousa / Missionários do Espírito Santo, 2005, p.15’.
A Mãe ficou connosco ainda longos anos, partindo para a Casa do Pai em 2015. Escrevi, na ocasião, as palavras que me ocorreram nesse momento tão marcante da vida de qualquer pessoa. ‘Obrigado, Mãe’ foi o ´título da crónica escrita por ocasião da morte da Mãe: ‘Nasceu, cresceu, casou, viveu e morreu… na Foz do Sousa, terras agrárias de Gondomar. Foi sempre mulher de Deus, vivendo numa família profundamente marcada pelos valores cristãos. Ofereceu a sua juventude à educação, sendo professora naqueles tempos de itinerância (voltaram hoje!) em que, após as nomeações, havia que fazer a mala e partir rumo a qualquer aldeia perdida entre campos e serras. Assim foi a vida da minha mãe até aos 35 anos, idade com que celebrou o Matrimónio com o meu Pai. Depois, foram vindo os quatro filhos, e a eles se dedicou de alma e coração, abandonando a Escola.