Em 1977, Valmor Santos decide criar algo completamente inédito no Brasil. Ele era gerente da boate Coliseu, mas mais do que isso: ele era gremista. Vendo o time do coração passando por dificuldades no campo de futebol, ele vai fundar a Coligay. A Coligay (junção das palavras Coliseu e Gay) foi a primeira torcida organizada gay no país. Se hoje a homofobia ainda é latente na sociedade, na década de 70 as coisas eram ainda piores. O preconceito sofrido pelos torcedores da Coligay foi algo monstruoso, mas o pior é que não era esse o único desafio para os torcedores. A Coligay existiu dentro do período que uma Ditadura Militar estava vigente no país. Por isso, além da homofobia sofrida por civis, militares agentes do Estado também perseguiam a torcida, sobretudo através da vigilância da Delegacia de Costumes. Mas mesmo com uma página muito triste em sua história, pode-se dizer que a Coligay cumpriu o que de comprometeu. Em uma entrevista pra um jornal, Valmor Santos disse: "A Coligay era uma ideia muito antiga, eu já pensava nisto há muito tempo. Eu sou gremista fanático desde que nasci e sempre tive vontade de organizar uma torcida. Achava que os torcedores do Grêmio eram muito parados, que não sabiam incentivar o time. Então, no início deste ano, quando eu senti o Grêmio realmente iria ser o campeão, decidi formar o grupo". E sim: a torcida funcionou. O time gaúcho que não vencia um campeonato regional desde 68, terminou o ano de 83 com a vitória do Mundial em Tóquio. Entre 77 a 83, era comum ver em campo uma torcida animada cantando o seu hino e ajudando a trazer vitórias inesquecíveis para o time do coração: "Nós somos da Coligay; com o Grêmio eu sempre estarei. É bola pra frente, campeão novamente. É Grêmio, força e tradição. Sou tricolor pra valer, pra vibrar e vencer, para o que der e vier. Nós, Coligay de pé-quente, estaremos presentes onde o Grêmio estiver".