O Senegal é um país africano do lado Ocidental que fica na costa do Oceano Atlântico. O território do Senegal historicamente sempre foi muito importante em relação à diversidade cultural e política. Foi nessa região que grandes impérios existiram como o Império de Gana, o Império Mali e o Império Songai. Por ser uma região costeira, o contato com os europeus veio muito cedo e por esse motivo parte dos escravizados que saíram da África eram do atual Senegal. Um dos primeiros europeus a chegarem lá foi a França e logo começaram uma colonização naquele território. Não é à toa que até hoje a principal língua do país seja o francês. O Senegal foi uma colônia francesa até sua independência no ano de 1960. No Senegal existe uma rede de trabalho escravo infantil. Bom, mais uma vez é importante deixar claro que o meu objetivo aqui não é falar da fé de ninguém muito memos zombar, mas essa questão está intimamente ligada com a fé islâmica. No Senegal existe uma prática que algumas famílias enviam os seus filhos para estudarem em escolas islâmicas. Só que geralmente essas escolas são a milhares de quilômetros das casas dessas pessoas. Só que o problema é que essas escolas chamadas de corânicas não recebem esses alunos apenas para dar estudo a eles, mas os forçam a trabalhar e pedir esmolas para sustentar os “professores”. Essas crianças são conhecidas como Talibés, e sempre são os meninos a serem enviados para essas escolas. Os professores desse tipo de escola são chamados de Marabus e atuam como guias e conselheiros dos pequenos estudantes. São crianças entre 7 e 13 anos. Essa questão é delicada porque como é um ensino religioso, os Talibés são ensinados que os Marabus devem receber devoção e estrita obediência. Enquanto os professores dão orientação, proteção e intercessão os alunos DEVE expressar gratidão através do apoio econômico e dízimos. Mas como são crianças, de onde vão tirar esse dinheiro? Muitas dessas crianças vão pedir esmolas nas ruas para sustentarem seus professores. Antigamente, na década de 1960 e 1970 essas escolas funcionavam em apenas alguns períodos do ano, e quando a escola estava fechada as crianças voltavam para o campo para ajudar na colheita e nos campos das famílias. Mas conforme foram percebendo que era lucrativo ter essas crianças pedindo esmolas pela cidade, as escolas corânicas passaram a funcionar durante um ano inteiro. O fato dessas crianças estarem nas ruas coloca elas como muito vulneráveis, estando disponíveis para abusos físicos, sexuais e psicológicos enquanto deveriam estar estudando. Um Maribu (professor) exige uma quantia diária de arrecadação de $0,79 dólares e de $0,94 dólares nos dias santos. Sendo que de acordo com o Banco Mundial a renda média da população senegalesa é de 1,25 dólares por dia. Isto mostra que existe uma dificuldade que os talibés têm em cumprir as metas exigidas pelos marabus, sofrendo punições por conta disso. Além das quotas financeiras, alguns marabus fixam quotas para alimentos básicos, como açúcar e arroz. Quando as crianças não atingem as cotas são apanham de seus professores e a Human Rights Watch (HRW) documentou meninos exibindo cicatrizes e vergões, geralmente porque sofreram abusos de cabos elétricos, porretes e bengalas. Além disso eles também são abusados sexualmente tanto por alunos mais velhos, professores e pessoas nas ruas que se aproveitam da situação. ONGs internacionais monitoram a situação desde a década de 1990 e estudos dessas organizações dizem que aproximadamente 50 mil crianças vivem sob essas condições no Senegal. Mas o próprio governo diz que existe uma grande chance de se tratar de uma brutal subnotificação (o próprio governo reconhece isso).