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Virgulino Ferreira da Silva não recebeu o apelido de "Lampião" sem motivo. Diziam que ele atirava com uma velocidade tão grande que a luz dos tiros pareciam ficar em volta dele o tempo inteiro, como se ele fosse um lampião. Mas essa história é só uma das possíveis explicações do seu nome, assim como praticamente tudo na vida de Lampião. Ele nasceu em Serra Talhada - PE, no ano de 1898. Mesmo não sendo o primeiro, ele é sem dúvidas a maior representação do cangaceiro na história do Brasil. Lampião viveu uma época muito específica da história do Brasil: a República Oligárquica. Onde o sudeste brasileiro, através do café, monopolizava o poder econômico e, consequentemente, o político também. O nordeste brasileiro vivia nessa época um descaso político tão grande que o poder do Estado não era absoluto, permitindo um vão tão significativo que outros dois poderes paralelos nasceram: o poder dos coronéis com seus jagunços, e o poder dos cangaceiros. O cangaço era, assim como a criminalidade em favelas no RJ hoje, uma forma de ascensão social para os mais pobres. Um jovem pernambucano pobre, por exemplo, enxergava na bandidagem dos cangaceiros não só uma forma de prestígio social, mas também de sobrevivência. Os índices por todo o nordeste eram baixíssimos, com a extrema pobreza batendo na porta constantemente de muitos nordestinos, sobretudo da caatinga. Por esse motivo, o historiador Eric Hobsbawm caracterizava o cangaço como "banditismo social", i. e., uma criminalidade estimulada intensamente pelas consequências das condições sociais que os mais pobres viviam.