Listen

Description

Os navios negreiros, ou tumbeiros, tinham condições desumanas. Como as pessoas trazidas para a América naquela época seriam escravizadas, não havia muita preocupação com o bem estar delas. Em média 25% das pessoas sequestradas na África para serem escravizadas morriam ainda no navio negreiro. Tratados como meros objetos, as pessoas negras tinham todo e qualquer direito negado, mais de 500 pessoas se espremiam deitados ou sentados. “Ficavam como livros numa estante”, disse certa vez o traficante Joseph Cliffer. Por isso, não era muito raro que houvesse um motim ou uma tentativa de resistência dessas pessoas ainda dentro dos navios. E um desses casos foi o do navio La Amistad. Em 1839 um grupo de 53 pessoas escravizadas estava sendo levado para Puerto Principe, em Cuba. Entretanto, um dos escravizados era Cinque, um membro da tribo africana Membe que conseguiu liderar um motim em meio a uma tempestade. Com facões de cortar cana as pessoas sequestradas matam o capitão e outro membro da tripulação. Dois tripulantes fogem, mas José Ruiz e Pedro Montes, os dois cubanos que haviam comprado os escravos foram capturados. Cinque ordenou que levassem o Amistad de volta à África. Mas Ruiz e Montes enganaram os escravizados e os levaram para os EUA. Acontece que por mais que a situação fosse desumana pra nós hoje, na época não havia um consenso sobre a monstruosidade da escravidão africana. E vai ser por isso que o presidente dos EUA Martin Van Buren e outros apoiadores decidiram levar as pessoas escravizadas de volta. Entretanto o movimento abolicionista nos EUA era notório e conseguiu convencer o poder judiciário do país a levarem todos os africanos escravizados que ainda estavam vivos para a África. Cinque e outros 34 africanos puderam voltar para a sua terra natal.