O Projeto Guiana foi um projeto alemão que tinha como objetivo invadir a floresta amazônica, construir hidrelétricas e retirar minerais da floresta. Tudo começou com a descoberta de uma sepultura (“lápide”) que está em uma cidade pequena chamada Laranjal do Jari, no interior do Amapá no Norte do país.
Essa sepultura não é nem um pouco discreta porque tem uma cruz de madeira com aproximadamente dois metros de altura, com uma suástica no topo e o seguinte dizer: “Joseph Greiner faleceu aqui em 2-1-36 de morte febril em serviço de exploração para a Alemanha. Expedição Jari, 1935-1937”. Essa cruz nazista gigante pertencia ao túmulo de Greiner, que era um geógrafo e escritor nazista, mas ele trabalhava para um outro homem que era muito mais importante e influente dentro da hierarquia do Partido Nazista. O chefe do Projeto Guiana era um homem chamado Otto Schulz-Kampfhenkel. Otto era um geógrafo e explorador alemão que nasceu em 1910. Quando ele tinha 21 anos foi para uma expedição no África Ocidental e voltou para a Alemanha com uma série de animais exóticos e selvagens para exposição no Zoológico de Berlim. Alguns desses animais foram mortos ainda na África e mesmo assim foram levados. Além de encher o zoo, Otto também trabalhava para colecionadores e caçava animais perigosos para serem empalhados na casa dos seus contratantes. Quando o Partido Nazista subiu ao poder na Alemanha em 1933 eles financiavam diversas pesquisas “científicas” que tinham como o objetivo provar a origem da raça ariana, a raça pura. Pesquisadores de diversas áreas foram contratados para essa missão inclusive os geógrafos.
Os geógrafos viajavam pelo mundo tentando encontrar relíquias, itens raros que tivessem qualquer ligação com os Arianos. Otto se destacou nessas expedições pelo mundo e quando completou 25 anos de idade foi escalado para liderar uma expedição na América do Sul, para descobrir se tinha algum traço ariano por aqui. A primeira missão do Otto foi sobrevoar a região amazônica com dois outros homens e passou pelo Brasil e a Guiana Francesa. A equipe de trabalho do Otto foi usando alemães que já estavam aqui no Brasil e foram levados para o Norte do nosso país.
Ao todo, Otto liderou mais de 30 homens, incluindo o Josef Greiner. E os nazistas foram recebidos bem no Brasil. Eles embarcaram no Rio de Janeiro com toneladas de suprimentos e o jornal carioca Gazeta de Notícias disse o seguinte no dia 9 de agosto de 1935: “A sensacional expedição ao Jari recebeu os mais francos aplausos”. O próprio exército brasileiro ajudou a transportarem os equipamentos do Rio para o Amapá, na região do Jari. Em 1935. Otto já tinha se tornado um membro da SS Nazista. E mesmo assim o jornal o elogiava dizendo que ele tinha: “uma expressão brilhante da moderna geração que ora está surgindo cheia de vida e coragem, disposta a derrubar os obstáculos que entravam a marcha da civilização”.
A expedição começou de fato em 1935 e deu bastante resultado para os pesquisadores que em 1937 conseguiram enviar para a Alemanha 500 peles de mamíferos diferentes; centenas de répteis e anfíbios e 1.500 objetos “arqueológicos”. Eu uso aspas porque eles fraudavam a arqueologia! Pegavam os itens que criavam histórias e narrativas para dizer que aquilo pertencia a um ariano do passado e mostrava que em algum período aquela região tinha sido habitada por arianos. Mas a expedição não tinha sido apenas científica. Quando ele voltou para a Alemanha em 1938 chegou a desenhar um plano para mostrar ao Hitler sobre como aquela área seria rica para a Alemanha.
Ele desenhou um projeto de como colocaria em prática esse plano de colonizar a Amazônia e conquistar as Guianas. 1) Entraria discretamente pela Foz do Amazonas com 150 soldados, e pelo Rio Jari iriam tomar a capital da Guiana Francesa, Caiena. 2) Depois de conquistar esse ponto, iriam levar pequenos barcos para conquistar a Guiana Britânica (conhecida hoje apenas como Guiana); 3) nesse terceiro passo iriam invadir a Guiana