O DINHEIRO COMO TERCEIRO SUJEITO DA RELAÇÃO
Dentro da perspectiva social o dinheiro ganhou um significado de Senhor das Relações. Sujeito através do qual se identificam e codificam valores, excessos e faltas.
O dinheiro não é uma ferramenta de obtenção daquilo de que se necessita, mas também uma circunstância de valoração através do que se pretende significar para além dele.
A maneira como temos nossas necessidades expandidas habita o campo do desejo, não mais da sobrevivência.
A estética, o entorno e a maneira através da qual percebemos o desamparo-falta pode se dar através da lacuna em cuja representação o dinheiro pode vir a habitar. Ali, tal qual o sujeito ausente, o desamparo presente.
A coisificação das relações atuais simboliza bem a maneira através da qual os nossos excessos são percebidos como necessários; momento em que já não lidamos mais com a ausência de amparo, mas com a presença dele sedimentada na vida do sujeito.
É interessante a teoria freudiana que faz conjugar o dinheiro às fezes. Ambos alocados na função de liberação, esvaziamento, excremento daquilo que é percebido após a digestão.
Não por acaso o movimento do cérebro está interrelacionado com os demais órgãos do corpo, em especial o intestino. Tal como se nota, a experiência de arcabouço das emoções a ambos cai bem.
Em atenção à maneira como alguns indivíduos afetam e se deixam afetar nota-se o caso do avaro, mais conhecido como avarento.
Comumente, sujeitos que veem no dinheiro um mecanismo de não ter de lidar com as próprias faltas e sente a segurança emocional, assim por ele sentida, que o dinheiro traz como um processo longo e permanente de evitação.
Nesse processo também incluída a evitação do desamparo; daí porque economizam também no afeto e buscam, de maneira inconsciente e reiterada, relações em que possam ter para si um sentimento de validação e superioridade, de modo que exerça controle nas relações de afeto, especialmente as mais íntimas, como meio de garantirem a continua sensação de potência.
É importante trazer esse símbolo de equivalência de poder que ao dinheiro se empresta aos dias atuais em que ele parece ganhar tônus ainda mais relevante e comum.
Os contornos das redes sociais deixam estabelecido o critério de superpoder que o dinheiro causa no senso comum.
Em momentos históricos não muito pretéritos, se notava a individuação do saber/ser como moeda de nítida relevância socialmente.
O que se vê hoje, no entanto, é um desmedido caráter do ter.
Não que estejamos romantizando os critérios sociológicos anteriores, mas, ao menos no instante em que esta perspectiva nos é oferecida, o que se nota e denota é o critério quase epidemiológico do ter como senso de poder e individuação.
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https://youtu.be/GLOhBVHo6QY
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