A vida é como um rio. Ela nasce silenciosa, singela, às vezes em um pequeno fio de água escondido entre pedras ou montanhas. Assim também começa a nossa existência: frágil, dependente, cheia de possibilidades. E como o rio, logo começamos a percorrer caminhos, muitas vezes tortuosos, incertos, repletos de desafios.
Ao longo do percurso, o rio enfrenta secas, períodos em que a chuva não vem e tudo parece estagnar. Em outros momentos, ele é tomado por uma enxurrada de águas, que o fazem transbordar, sair do leito, quase perder o controle. Nossa vida também é assim: há momentos de escassez, de dificuldades, de dores que nos secam por dentro. Mas há também os excessos – de emoções, de responsabilidades, de acontecimentos que nos deixam à deriva.
Mesmo com todas essas adversidades, o rio segue. Ele tem um curso natural, traçado pela sabedoria do tempo e da terra. Assim é a nossa vida: mesmo quando não conseguimos ver com clareza o próximo passo, existe um caminho. E esse caminho, aos poucos, nos leva a novos encontros.
O rio nunca caminha sozinho por toda a sua jornada. Ele encontra outros rios, se mistura, se transforma. A água de um se junta com a de outro, criando novos fluxos, novas forças. Do mesmo modo, ao longo da vida, vamos formando nossa família, nossos laços, amizades, amores. Somos parte de uma corrente que se multiplica e se fortalece.
Por isso, é preciso aceitar as curvas e as mudanças do rio. Nem todo trecho será calmo, nem toda paisagem será bela. Mas sempre haverá um sentido, um rumo. Que possamos confiar nesse movimento e lembrar: por mais difícil que seja o trecho, o rio sempre encontra seu caminho — e nós também.