O dia se despedia em silêncio. As sombras se alongavam, como pensamentos que chegam quando tudo parece calar. Do alto de uma palmeira, um bem-te-vi soltou seu canto agudo e fez a pergunta que ecoa desde sempre:
— O que é, afinal, a vida?
Uma roseira respondeu com suavidade, abrindo um botão:
— Vida é crescimento, é desabrochar a cada amanhecer.
A borboleta, dançando entre flores, completou:
— Vida é leveza, é prazer, é cor, é encanto em movimento.
A formiga, incansável com sua carga, murmurou com firmeza:
— Vida é trabalho. É construir, mesmo quando ninguém vê.
A abelha, mergulhada em pólen, trouxe doçura à conversa:
— Vida é servir com doçura. É encontrar sentido no pequeno.
Já o rato, atravessando a noite, resmungou:
— Vida é luta. É se mover entre medos e sobrevivência.
A coruja, desperta na escuridão, refletiu:
— Vida é observar. É saber esperar a hora certa.
Do céu, quase invisível, a águia proclamou com nobreza:
— Vida é voo. É coragem de subir, mesmo com vento contrário.
A árvore antiga, ferida por ventos e anos, respondeu com humildade:
— Vida é inclinar-se. É aprender a aceitar o que não se pode mudar.
O orvalho, ao cair silencioso, sussurrou:
— Vida é lágrima. É entrega. É bênção que toca e passa.
Numa casa vizinha, uma jovem, ao tirar os sapatos após a dança, refletiu:
— Vida é busca. É querer ser feliz, mesmo sem saber o caminho.
E então, a Lua apareceu, como quem abençoa o mundo inteiro com seus raios calmos:
— Vida é instante. Um suspiro da eternidade.
Mas ainda não era o fim da conversa.
A estrela cadente riscou o céu e cochichou:
— Vida é desejo.
O grilo cantou entre as folhas e disse:
— Vida é insistência.
O silêncio, então, respondeu também:
— Vida é pausa. É escuta.
E no meio dessa sinfonia de vozes, compreendi:
a vida é todas essas coisas.
É lágrima e sorriso, é início e fim.
É milagre e rotina.
É sonho que se esquece, e memória que insiste.
É escolha — e também consequência.
É luz que se acende dentro de nós quando nos permitimos amar.
E o mais belo?
A vida pode recomeçar a qualquer momento.
O Evangelho nos sussurra isso com amor: a cada instante, há chance de um novo começo.
Não temos como voltar atrás e mudar o início, mas podemos — com fé e coragem — reescrever o fim.
Não se prenda ao ontem.
Não se angustie pelo amanhã.
O hoje é o presente que Deus nos dá.
Por isso, escolha.
Com consciência.
Com ternura.
Com verdade.
Vida é bênção.
Vida é entrega.
Vida é escolha — e ela está agora, exatamente agora, nas suas mãos.