Look for any podcast host, guest or anyone

Listen

Description

Em um povoado havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo conselho municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.


Com silenciosa regularidade, ele inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos e limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca. Ninguém via as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.


Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas. Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina. As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária.


Os anos foram passando. Certo dia, o conselho da cidade se reuniu e um dos membros resolveu questionar o salário pago ao zelador da fonte. Fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade. E para quê? O que é que ele fazia, afinal? Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma.


Seu discurso a todos convenceu. O conselho municipal dispensou o trabalho do zelador.


Nas semanas seguintes, nada de novo. Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas. Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.


Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte. Dois dias depois, a água estava escura. Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens. O mau cheiro começou a ser exalado. Os cisnes emigraram para outras bandas. Os turistas abandonaram o local. A contaminação da água fez muitos ficarem doentes.


O conselho municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária, e reconheceu o erro grosseiro cometido. Imediatamente, tratou de recontratar o zelador da fonte.


Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear. Voltaram os cisnes, os turistas, a saúde e a vida foi retomando seu curso.


Assim como o conselho municipal da pequena cidade, muitos de nós desprezamos alguns trabalhos.


Aqueles trabalhadores que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas. Que os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos. Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa. Servidores anônimos. Quase sempre passamos por eles sem notá-los.


Mas, sem seu trabalho o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.


O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável. Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá. Dependemos uns dos outros. Para viver, para trabalhar, para sermos felizes!