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Têm semanas que eu emburreço propositalmente. Não me atualizo nas  notícias que não são da minha área de atuação, não me aprofundo nos assuntos da semana, não leio artigos importantes, não vejo os filmes recém lançados que são imperdíveis, não sintonizo nas pautas urgentes, não me esforço mentalmente para ouvir todos os lados de um mesmo assunto para que aí eu tenha uma visão clara da questão. Nessas horas, respeito o meu cansaço, e volto de novo pro banco da quadra, quando eu tinha dez anos. Éramos quase vinte crianças tentando disputar a melhor ideia para fazer o jogo acontecer. Em determinado ponto, a turma se dividiu. Metade defendia um jeito, metade o outro. Como crianças saudáveis de dez anos, os dois gritavam, sem trégua. Mas diferente das outras vezes, em que eu sempre tentava convencer os outros do meu ponto de vista, naquele momento, me pareceu que a melhor ideia era sentar no banco e esperar que eles se decidissem. Aquilo não era importante e me deu uma súbita preguiça de discutir. Eu não sabia, mas naquele momento eu tinha acertado o momento de me recolher, de tirar as peças do jogo, de sentar na arquibancada. Eu não sabia, mas eu estava ensinando a minha versão do futuro que muitos dos nossos cansaços são feitos de espaços que a gente não respeita.



Quem faz a edição @valdersouza1  quem faz a identidade visual @amandafogaca | quem faz o texto e a voz: @natyops  quem escuta: você, maravilhose! Obrigada ❤️