Nazaré, 27 de abril de 2023
Fui alertado por uma pessoa amiga que tem lugar no próximo dia 6 de maio mais um dos tradicionais almoços de convívio dos veteranos da Guerra do Ultramar e cumpre-me, neste espaço, dar disso conta e fazer uma reflexão. Passadas quase cinco décadas sobre o fim do conflito militar com as antigas colónias, ainda lidamos mal com esta pesada herança e, sobretudo, com os resquícios que ficaram em muitos homens e, sobretudo, muitas famílias de uma guerra que podia ter sido evitada. E cujo desenlace foi o principal motivo para que o Movimento dos Capitães tivesse feito acontecer o 25 de Abril. O país não soube gerir o processo de descolonização que outros países europeus já tinham encetado e o resultado final foi catastrófico, lançando muitos milhares de jovens para uma guerra fraticida. Só quem viveu esses momentos pode explicar os medos que sentiu, a forma como olhou nos olhos do inimigo e como, ainda hoje, lida com tudo aquilo que viveu em África. Este tipo de encontros de veteranos tem, no entanto, o belo condão de reunir à mesa verdadeiros companheiros de armas, camaradas de combate e amigos que ficaram para a vida. A todos, desejo um bom almoço-convívio e que estes momentos se repitam por muitos e muitos anos.