Nazaré, 28 de fevereiro de 2023
Por razões da minha mudança de vida profissional atravesso, praticamente todos os dias, o túnel do Externato. Custa-me assistir ao estado a que chegou aquele espaço, completamente grafitado, vítima de sinais de rebeldia e até falta de educação, ainda para mais quando se fala de um acesso direto a uma escola que já foi, em tempos, a escola de todos nós e dá acesso ao Agrupamento e à zona desportiva. Lamento que assim seja, mas este é apenas mais um sinal de como, enquanto comunidade, continuamos a assobiar para o ar, fazendo de conta que não é connosco. Mas é. Decididamente. Aquele túnel tem uma razão de ser. Nasceu com um propósito firme, como protesto da população estudantil e das famílias. Poucos terão memória, mas aquele túnel foi construído após grande pressão popular e uma revolta gerada por um acidente grave que deixou a Nazaré, no início da década de 1990, em estado de choque. Poucos terão memória, mas, naquele tempo, não havia passadeiras para aceder ao Externato e à Amadeu Gaudêncio. E os jovens tinham de atravessar a estrada em grande insegurança. O túnel foi construído e a situação melhorou, o que demonstra, se mais provas disso fossem necessárias, que quando a população se une é possível corrigir o que está mal. Passaram 30 anos e hoje o que está mal é ver o túnel naquele estado. Uma sociedade atenta e vigilante já teria providenciado uma pintura daquele espaço. Podia ser com graffitis, que não tinha mal algum. Tinha era de ser uma obra de arte e não aquilo que ali está e nos envergonha a todos. Ou a alguns, pelo menos.