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Nazaré, 8 de março de 2023

Hoje assinala-se um pouco por todo o mundo o Dia da Mulher e por cá, na nossa Nazaré, a Editorial Novembro organiza um conjunto de eventos no âmbito do projeto Semana Arte Mulher. O anúncio foi feito pela Câmara, que decidiu apoiar este evento, que culmina no domingo com a realização de uma gala no Cine-teatro, que contará com a presença de diversas individualidades. Não restarão dúvidas que o papel da mulher na sociedade nazarena é marcante, ao ponto de ainda hoje em dia alguns considerarem que, apesar de todas as transformações da sociedade, continuamos a ter uma matriz essencialmente matriarcal. As razões históricas para que isso suceda são mais evidentes aqui do que noutras localidades, sobretudo porque na Nazaré a ausência dos homens no mar obrigava as mulheres a tomarem as rédeas da gestão familiar, muitas vezes com mão de ferro, porque as dificuldades eram muitos e necessário era encontrar alternativas para ter comida na mesa. Todos nós temos, nas nossas famílias, aquele exemplo feminino de quem mandava na casa. Aquela mulher que tomava as decisões e fazia mexer todos em casa, que cuidava da comida e da roupa com a mesma energia com que ia vender o peixe fora e assegurava os cuidados aos membros da família que tivessem alguma maleita. Hoje quero aqui recordar a minha Tia Lúcia, que era tudo isto e muito mais, que ajudou a criar a minha irmã e que, apesar de todas as adversidades, me recebia sempre com um sorriso e me oferecia lanche ou almoço. Ela era a rainha de casa, vivia ao fim da Rua Augusta e era sempre uma emoção subir as escadas do prédio até chegar à casa dela. Ali, sabia que seria bem recebido, mesmo que o meu tio Barriguinha estivesse chateado com a derrota do seu Belenenses. Ainda bem que se valorizam as mulheres no dia 8 de março. Por mim, devíamos valorizar as mulheres da Nazaré todos os dias do ano.