Nazaré, 27 de março de 2023
Conhecida como a Praça das Esplanadas, é mais um dos cartões de visita da nossa terra. Dispondo de condições únicas de acesso à praia e à zona do Elevador, a Praça Sousa Oliveira tem sido alvo de constantes intervenções ao longo das últimas décadas, mas devo confessar que ainda nenhuma delas me encheu verdadeiramente as medidas. Já não sou do tempo em que aquele recinto acolhia as embarcações de pesca nos duros meses de inverno e quando não havia porto de abrigo. Mas, como tantas outras crianças da Nazaré, recordo-me de brincar horas a fio naquela praça. Fosse no verão a recolher as caricas das garrafas no chão junto às esplanadas, para depois ir fazer corridas em pistas desenhadas à mão ou com os chinelos na areia, fosse nos meses de inverno, a jogar à bola até altas horas da noite, fazendo dos candeeiros azuis as balizas. Um espaço tão emblemático como aqueles merecia, salvo melhor opinião, uma solução estética e organizacional diferente, mais consentânea com o que é possível ver em tantas outras praças de outras cidades, com harmonia entre as esplanadas e os transeuntes, sem excessos de ocupação de espaço ou marcas de poluição visual com soluções arquitetónicas, no mínimo, de gosto duvidoso. A praça das esplanadas terá de ser sempre a praça das esplanadas e é mesmo assim que a gostamos de ver. Mas importante seria que, quem de responsabilidade, planeasse uma intervenção que possa harmonizar aquele espaço e conferir-lhe outras vertentes ao nível do paisagismo, do urbanismo e, sobretudo, do usufruto dos cidadãos. Noutro dia podemos falar aqui da Praça Manuel de Arriaga.