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Nazaré, 21 de fevereiro de 2023

Hoje é o dia mais longo (e posso dizer mais tristonho) do ano para a nossa comunidade. Apesar de já estarmos em festa há muito, a terça-feira gorda é um dia particularmente especial e diferente de todos os outros. É o dia do grande desfile, que se segue a uma noite de arromba e que precede o último grande balhe e a última noite de folia e loucura nos bares e nas ruas. Este é também o dia dos reis, que vivem os últimos minutos como representantes maiores e embaixadores do nosso Carnaval. Quanta honra vestir essa pele durante um ano… A emoção apodera-se de todos nós e queremos viver este dia como se não houvesse amanhã. O relógio, neste dia, devia parar, para que a quarta-feira de cinzas nunca chegasse. Depois de um ano em que a pandemia nos condicionou, este Entrudo é ainda mais especial. Pudemos voltar a abraçar e a beijar aqueles que mais gostamos, sem as amarras de uma doença que nos afastou durante demasiado tempo e criou angústia em todos nós. Pudemos também voltar a receber, e sem restrições de qualquer ordem, muitas dezenas de milhares de pessoas que apreciam as nossas marchas e os nossos ensaiamentos, ainda que, em muitos casos, não vejam lógica na composição das máscaras, como os de fora lhe chamam. Os palecos gostam, cada vez mais, do nosso Carnaval desorganizado, sem regras e sem desfiles pagos. E isso nota-se nas ruas, nos bares e nas salas de baile. Esta é, também, mais uma importante imagem de marca da nossa terra e a demonstração cabal que as nossas tradições contam, e muito, para projetar a Nazaré em termos turísticos. Se, aliado a isso, ainda nos podemos divertir e fazer rir os outros, então a receita é perfeita. Agora, vamos mazé aproveitar o que falta do Entrudo, caro ouvinte.