Nazaré, 23 de março de 2023
Faleceu esta semana o comendador Rui Nabeiro, um homem superlativo, que marcou o país pela capacidade de empreendedor, pela humildade e sentido humanista da sua ação enquanto empresário e por tudo o que foi capaz de construir ao longo de uma vida dedicada ao trabalho, à família e à terra que o viu nascer. As homenagens foram mais que merecidas, mas tenho pena que a minha terra continue a ficar aquém no reconhecimento daqueles que tanto fizeram pela Nazaré e que, hoje em dia, parecem cair no esquecimento. Refiro-me em concreto ao casal Fernando e Maria Manuela Soares, que fizeram mais pelo desenvolvimento da nossa terra do que muitos governos e executivos municipais de muitas e muitas décadas. Foram eles que permitiram que milhares, sim, digo bem, milhares de nazarenos tivessem prosseguido os estudos, ao criarem o Externato D. Fuas Roupinho e ao tornarem aquela escola num espaço de referência, gerido, por vezes, com mão de ferro, mas muito sentido de serviço público. Está a chegar mais um Nazarécup, em boa hora denominado Torneio Internacional de Andebol Jovem Dr. Fernando Soares. Bem sei que há uma peça de arte em frente à escola que recorda estas duas figuras ímpares da nossa história. Mas é curto, muito curto para a dimensão da obra que Fernando e Maria Manuela fizeram pela nossa terra. Deixo, neste espaço, para reflexão de quem de direito, caso tenham a paciência de escutar, uma sugestão: em 2024 celebra-se o centenário do nascimento de Fernando Pedro Trigo Rodrigues Soares, que nasceu em Lisboa, sim, em Lisboa, mas transformou por completo a Nazaré, terra à qual chegou por amor. A criação de um prémio municipal de educação com o nome de Fernando Soares seria uma homenagem singela, mas que, certamente, o nosso veterinário não enjeitaria.