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Nazaré, 16 de fevereiro de 2023

A marcha dos Sakanagem de 2018 fez-me despertar muitas memórias, pois também eu sou do tempo em que havia intervalo nos bailes de Carnaval. Aliás, o enterval era, para mim, um dos pontos altos desta época. As minhas primeiras memórias do Carnaval remontam ao Lance Norte, mas era muito pequeno para vislumbrar o cenário. De resto, em criança deambulei mais entre o Mar Alto e o Casino, pois a família repartia-se e arranjava sempre forma de acompanhar os meus familiares e amigos. Nos anos 80, os balhes começavam bem mais cedo do que hoje e ali por volta da 1 ou 2 da manhã a barriga já dava sinais de fraqueza. Era então o momento em que o vocalista, em vez de dizer era “fim de série, podem descansar”, informava a turba em fúria que era fim de série e se seguia o intervalo.

Foi aí que tomei contacto, pela primeira vez, com o conceito do buffet… A mesa era farta, sobretudo em casa da nha tia Elvira, e ali encontrava toda a comida e gulmices que apreciava e que, por norma, não me permitiam comer. A hora passava a correr, mas o convívio valia por tudo. Com a barriga forrada, era chegado o momento de voltar à sala e continuar a balhar até às primeiras horas da manhã. O Carnaval, afinal, é só isto: partilhar momentos de alegria e riso com aqueles que amamos. Pelo menos, isso não mudou. E, afinal, só depende de nós fazer um enterval.