Listen

Description

Nazaré, 27 de fevereiro de 2023

Longe vão os tempos em que, na Nazaré, se dizia que de Alcobaça “nem bons ventos, nem bons casamentos”, um pouco à imagem do que os portugueses diziam dos espanhóis. Bem vistas as coisas, as semelhanças são grandes. Se o reino de Portugal ganhou a independência a Castela, o nosso território também fez parte dos coutos da Ordem de Cister e a Pederneira integrou o concelho de Alcobaça até há pouco mais de um século. A rivalidade entre as duas terras é conhecida, mas, felizmente, nas últimas décadas as coisas mudaram para melhor, mesmo que pessoas como o meu pai continuem a chamar a Alcobaça a terra dos asilados, devido à presença do Asilo da Mendicidade de Lisboa no Mosteiro durante tantos e tantos anos… Adiante. O que cumpre aqui dizer é que Nazaré e Alcobaça têm mais a ganhar do que a perder se trabalharem em conjunto. E se, durante muito tempo, alguns autarcas pensaram e agiram de forma diferente (basta recordar que fomos obrigados por Alcobaça a ir para o Oeste, quando a nossa vontade era ir para Leiria, por causa da falta de continuidade territorial), hoje as coisas são distintas e até há projetos (ainda que no papel) entre os dois municípios. Contudo, a maior diferença que se nota no relacionamento entre as comunidades dos dois concelhos assenta na forma como trabalham em conjunto e na aceitação das diferenças entre ambos. Vem isto a propósito do alcobacense Churky, que passou à final do festival da canção no passado sábado e que não teve pejo em dizer ao país e ao mundo que nasceu em Alcobaça e vive na Nazaré. Já bebeu água da fontinha e agora não quer outra coisa. Noutros tempos, contudo, isto seria impossível de acontecer. Também por isso, boa sorte Churky!