Sítio, 10 de março de 2023
A associação Nazaré Marés de Maio promove amanhã uma jornada de trabalho e reflexão sobre o “Bico da Memória”, no Palácio Real da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. As I Jornadas do Património da Nazaré contam também com a organização da Confraria e da Liga dos Amigos da Nazaré e merecem uma ampla divulgação e participação da população, porque esta é uma matéria que nos diz respeito a todos e pouco ou nada se sabe sobre o tema. Em causa está uma intervenção prevista pela Agência Portuguesa do Ambiente para uma área particularmente sensível no Sítio. Confesso que gostava de estar enganado, mas, como quase sempre acontece na nossa terra, o mais provável é que esta sessão de divulgação e de debate seja alvo de pouca participação. Ou então, que estejam presentes, como se diz em linguagem popular, os mesmos de sempre. É assim que a capacidade das populações para intervir no espaço público se reduz a quase nada, porque se verifica uma verdadeira demissão da maior parte da comunidade nestas matérias de interesse público. Admito que este tipo de coisas aconteça na maior parte dos concelhos do país, mas custa-nos mais que aconteça na nossa terra, que parece adormecida ou, pior, amordaçada em muitas questões, talvez agarrada a um certo tipo de dependências que, como sabemos, nos custaram e continuam a custar muito. Em causa está uma intervenção, como se dizia, no local onde, reza a lenda, se deu o milagre de Nossa Senhora da Nazaré, mas pouco ou nada se sabe sobre esta operação e quais os impactos que daí podem advir para a nossa terra. Felizmente, ainda há quem se preocupe com estas questões, mas, se nem os nazarenos demonstrarem interesse em discutir o Bico da Memória, então terão de ser os palecos a cuidar daquilo que é nosso. Quem diria…