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Nazaré, 24 de abril de 2023

Passam hoje 49 anos sobre o dia em que Salgueiro Maia saiu de Santarém rumo a Lisboa com o intuito de derrubar a ditadura. Depois de várias tentativas falhadas, entre as quais o golpe das Caldas, o Movimento das Forças Armadas conseguiu os seus intentos e o país acordou na alvorada seguinte com um horizonte de esperança. Nasci depois do 25 de Abril e, por isso, sou um dos muitos milhões de portugueses que não sabem o que é viver sob um regime opressor e castrador das liberdades individuais e coletivas. Quando comecei a ouvir falar da revolução dos cravos quis saber mais e perguntei aos meus familiares como viveram aqueles momentos e a chegada da liberdade. Dos registos que recolhi o que mais me impressionou foi do meu pai, que estava no mar, em Marrocos, e por isso só soube do golpe dez dias depois, quando o navio chegou a Lisboa. Talvez por receio os oficiais a bordo tenham retido a informação e admito que o mesmo tenha sucedido com muitos pescadores em alto mar. Enquanto jornalista tive a oportunidade de reproduzir as histórias de muitos daqueles que lutaram contra Salazar e sentiram na pele as agruras do regime. Como o nazareno Norberto Isaac, que estava preso e soube da revolução por código morse, espreitando da janela para os carros que estavam no exterior do espaço onde estava detido. É também por isso que falar do fim da ditadura é algo que devemos fazer às novas gerações. No meu caso, aprendi muito nas vésperas do 25 de Abril que passei na Biblioteca da Nazaré e no “Mar Alto”, com tertúlias, música e debate em torno dos valores de Abril. Dos quais nunca devemos abdicar.