Nazaré, 17 de abril de 2023
No espaço de dois dias, a nossa comunidade ficou de luto por duas vezes. Na sexta-feira, um pescador faleceu no mar, quando estava na faina na zona de São Gião. Só quem é da Nazaré e tem família na pesca sabe o sentimento que nos atravessa. Um sentimento de incapacidade, de frustração, de revolta. Não há família nazarena que não tenha a lamentar a perda de algum ente querido durante a pesca e, por isso, todos percebemos o momento difícil que a família atravessa. Daqui endereço as minhas profundas condolências. E também envio os meus sentimentos à família do nosso Stephan Eustáquio, que cuidou da mãe até ao limite das forças, em silêncio, enfrentando, tantas vezes, a fúria dos adeptos nos estádios de futebol e sem poder valer a quem o trouxe a este mundo. Infelizmente, esta maldita doença, silenciosa e que só se apresenta numa fase mais adiantada, levou mais um membro da nossa comunidade. A Esmeralda, além de uma grande mãe, era uma mulher que irradiava felicidade e leveza. Tinha apenas 51 anos e deixou-nos na noite do passado sábado, após uma luta inglória e quando o filho estava no relvado do Estádio do Dragão, ao serviço do FC Porto. Nestas coisas das despedidas tenho sempre a mania de fazer interpretações dos momentos e, neste caso, quero acreditar que o momento foi escolhido com o sentido de a Esmeralda dizer ao Steph para continuar a fazer o que mais gosta de fazer e com o sorriso nos lábios que ele herdou da progenitora.