Na coluna desta quarta-feira, Atílio Bari evoca o sociólogo e professor alemão-americano Herbert Gans para falar do papel do pobre na sociedade. Estudioso das comunidades dos subúrbios do estado de Nova York, Gans estudou a “cultura da pobreza” norte-americana e catalogou os benefícios que as classes mais abastadas obtinham às custas dos pobres.
Atílio cita algumas das formas históricas de exploração física, mental e intelectual sofridas pela população menos afortunada e destaca uma polêmica brasileira recente: o caso de fraudes do INSS. “Preparava-se a revelação ao público de um grande, enorme, gigantesco esquema de assalto à população mais carente e desprotegida da sociedade brasileira: os aposentados, dentre eles uma multidão de pessoas em situação de extrema pobreza, idosos que trabalharam no campo, analfabetos, inválidos, e até gente que já estava morta”.
O colunista ainda denuncia a falta de penalizações atribuídas aos responsáveis por esses abusos: “O manto da Nossa Senhora da Impunidade garante que os larápios arrastem seus processos até caducarem, ou sejam cancelados, ou as penas, se houverem, possam ser cumpridas nas piscinas das coberturas, nos metros quadrados mais valiosos do território nacional”.
Atílio Bari é idealizador e apresentador (ao lado de Chris Maksud) do programa Persona, da TV Cultura, e também participa do "Estação Cultura", todas as quartas-feiras. A coluna aborda espetáculos de teatro, livros, outras formas de dramaturgia e assuntos da atualidade, que muitas vezes se aproximam da ficção.
O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 e pelo aplicativo Cultura Play, de segunda a sexta-feira, às 10h.