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Na coluna desta quarta-feira (04), Atílio Bari fala sobre a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Estado brasileiro pela morte do jornalista Vladimir Herzog. A íntegra da sentença acaba de ser publicada no Diário Oficial da União, cinco anos e meio depois da decisão da Corte. 

Vlado era chefe do Jornalismo da TV Cultura quando foi convocado a depor sobre supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro. O que seria uma prestação de esclarecimentos tornou-se o momento de seu suposto suicídio, em 25 de outubro de 1975.  

“Publicou-se uma foto em todos os jornais, uma fotografia ridícula, que ao contrário do que pretendia o DOI-CODI (órgão de inteligência e repressão do exército), expunha não só a crueldade como também a incompetência daquela gente que não conseguia sequer produzir um material minimamente crível sobre o que diziam ter sido um suicídio. A foto era quase uma prova inequívoca de que suicidaram o assassinado. Patético“, pontua Atílio. 

Na época, a notícia paralisou as redações de todos os órgãos de imprensa e, até hoje, gera questionamentos sobre a real causa da morte do jornalista. Nesse contexto, Bari destaca o documentário “Vlado – 30 Anos Depois” (2009), do cineasta João Batista de Andrade, que confronta os relatos oficiais do regime autoritário a respeito do caso. 

Por fim, o colunista ressalta que ainda “falta o principal: investigar e responsabilizar os autores do crime, e realizar um ato público das Forças Armadas pedindo perdão. Essas mesmas Forças Armadas que abrigam em suas fileiras generais e outros graduados que, como se sabe, parecem muito saudosos daqueles tempos sombrios.”