1ª Leitura: Amós 6. 1, 4-7 - Salmo 146
2ª Leitura: 1 Timóteo 6. 6-19 - Evangelho: Lucas 16. 19-31
Na primeira e segunda leitura deste domingo, é clara a denúncia de que a raiz de todos os males e pecados é o amor a Mamon (a riqueza, o dinheiro, o lucro, muitas vezes personificado como um deus).
Dos quatro evangelhos, o de Lucas é o mais radical e duro contra a riqueza (Mamon). Lucas coloca no canto de Maria, o Magnificat, “Ele derruba os poderosos e eleva os humildes. Dá fartura a quem têm fome e despede ricos sem nada.” (Lucas 1.52-53) Nas Bem-aventuranças, Lucas é o único que, além das esperanças para os pobres, ameaça os ricos: —Mas ai de vocês que são ricos, pois já tiveram a vida boa. —Ai de quem têm tudo, pois vão passar fome. — Ai de quem está rindo, pois vão chorar. Lucas 6.24-25.
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A parábola do Evangelho de hoje fala de Abraão como se fala de Deus. O que nos remete a uma tradição muito antiga e o fato de ela se chamar Deus de pai Abraão parece vir de fontes da religião cananeia, mais que da tradição bíblica. “Etimologicamente, o nome Abraão representava o próprio Deus: ´abiran. É a este deus ao qual os reis cananeus e também o patriarca Abraão adoravam” (Cf. Gn 14, 18). Chamo a atenção para isso porque a parábola fala de castigo divino, céu e inferno, depois de ouvirmos todo o capitulo 15 falar da infinita misericórdia de Deus.
Ora muitos estudiosos como Marcelo Barros diz: “essa parábola própria do evangelho de Lucas, é como um conto da religião popular da época. Só assim podemos aceitar essas imagens que condena uns ao inferno eterno e sem remissão. Essa mesma história foi encontrada na antiga literatura egípcia. E há contos semelhantes em livros judaicos da época do final do primeiro testamento. É uma crença totalmente diferente da tradição bíblica. Na tradição judaica da época de Jesus, não havia essas imagens opostas (o seio de Abraão como céu e o fogo eterno como inferno). O Judaísmo acreditava na “morada dos mortos”. (Morreu, foi sepultado e desceu à mansão dos mortos). Chamavam isso de Sheol, mas nenhum texto diz que era um lugar de tormentos. Era um estado de sombra, mas não tinha essa imagem de fogo. Textos evangélicos que falam em fogo inextinguível, se referem ao Vale da Geena, lugar fora dos muros de Jerusalém, onde se enterravam os mortos, jogavam cadáveres de animais e se queimava lixo... Ali havia fogo permanente como os lixões de hoje e serviu para textos apocalípticos falarem do fogo do inferno. Isso vem dos apocalipses judaicos do final do primeiro testamento, portanto depois de Jesus.
A parábola trata da relação entre rico e pobre. Apesar de dizer “havia um homem rico e um pobre”, não fala de um determinado rico e um certo pobre, pois não diz que o rico é ruim ou mau, e o pobre é bom. O que caracteriza o rico é o vestir, divertimento, e a fartura na refeição, e o pobre é a falta de roupa (o corpo cobert