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“Eu fico abismado com a facilidade com que pessoas desinformadas chegam a certezas, a opiniões inflamadas quando não têm qualquer base para julgarem”. (William Golding)

O pintor e o sapateiro

 Gostamos de discutir. Precisamos discutir. Por isto, opinamos. Opinamos sobre o que sabemos e também sobre o que não conhecemos.

Quando opinamos sobre o que não sabemos, nós nos parecemos com o sapateiro de uma história

que habita a memória de muita gente.

Um pintor preparou um quadro e decidiu melhorá-lo. Para tanto, colocou sua tela numa esquina

movimentada onde pudesse ser contemplada. Postou-se sem ser visto e passou a anotar

os comentários desferidos por desconhecidos e conhecidos. Depois de algum tempo, apareceu o

sapateiro do bairro. O profissional olhou detalhadamente a obra e observou que as sandálias

estavam descuidadas. O pintor pegou o pincel e retocou o quadro. Ele fez o mesmo com as

próximas sugestões. Mais tarde, voltando de sua banca, o sapateiro parou novamente diante do

trabalho do artista e passou a fazer outros comentários agora sobre a roupa da personagem

retratada.

Neste momento, o pintor se apresentou e repreendeu o empolgado crítico:

 — Sapateiro, não vá além das sandálias.

Com esta advertência, o pintor dizia que eram bem-vindas as observações do sapateiro baseadas

no conhecimento. Ele não entendia de vestuário. Tinha o dever de falar sobre o que conhecia,

não especular sobre o que não sabia.

Toda discussão será proveitosa na tomada de decisões. Para opinar sobre temas sérios, alguns de

vida ou morte, temos que estudar e isto demora tempo. Se temos pressa e precisamos tomar um

atalho, ouçamos quem estudou por anos aquele assunto e não recém-chegados que querem

apenas brilhar ou se divertir.

 “A sabedoria protege, do mesmo modo que o dinheiro; mas a vantagem da sabedoria  é que ela dá vida a quem a possui”. (Eclesiastes 7.12)

 Bom dia!

Israel Belo de Azevedo