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Podcast A Memória Viva Nasce a Cada Dia
Uma das pessoas entrevistas para o projeto audiovisual “A memória viva nasce a cada dia”, no primeiro semestre de 2016 foi Jonas “Paiol”, 67 anos, morador do bairro São João, Brotas (SP). Jonas “ Paiol” relatou que nasceu em um sitio na região e mudou-se para o bairro São João quando tinha aproximadamente 15 anos de idade. Quando chegou ao local vindo juntamente com sua família, o São João era um bairro com pouquíssimas casas e com a predominância de matas. Para Jonas o bairro se transformou muito em relação ao tempo em que ele chegou com sua família para se instalarem no bairro. As melhorias, ao qual ele se refere é basicamente sobre a infra estrutura contida no bairro atualmente, com a chegada do açougue, padaria, bares e restaurantes.
Jonas “ Paiol” nos conta sobre as lembranças da festa de São João que era organizada pela “turma” ligada a João Julião, um dos principais articuladores da festa que organizava e promovia os batuques em volta da fogueira e passava-se a noite toda dançando e batucando em um pátio ali próximo. Jonas, disse ter tido muito amizade com João Julião, sempre frequentavam os forrós que aconteciam na cidade de Ribeirão Bonito (SP). A festa de São João era organizada anualmente, de forma simples e contava com o apoio e solidariedade das pessoas comuns para que a o festejo se concretizasse. Após, a morte de João Julião a festa passou por mudanças organizacionais, o que era antes feito de forma simples, passou a ter uma outra configuração, com a Igreja tomando a frente da organização e a partir de agora com a presença de barracas e venda de alimentos. Antes, segundo, Jonas “Paiol”, as pessoas traziam suas respectivas bebidas e alimentos para compartilharem durante a realização da festa.As famílias que organizavam as festa de São João, eram pessoas simples e a maior parte era de famílias negras que moravam em casinhas de barro e sem luz elétrica. Percebe-se que com as melhorias de infra estrutura instaladas posteriormente no bairro pelo poder público, com, a chegada da luz elétrica, promoveu o inicio da desarticulação das famílias pobres e negras que tiveram que sair do bairro e se estabeleceram do outro lado da cidade através de um programa de mutirão, organizado e pensado pelo poder público, que vendia a preços cômodos o terreno para as famílias que outrora viviam em barracos de barro e muitos pagavam aluguel no São João. Com a implantação desse programa, as famílias ergueram suas casas em sistema de mutirão. Com a saída dessas famílias do bairro, a festa de São João foi perdendo seu caráter popular e comunitário. Estivemos no local conhecido como Mutirão, lugar para onde os ex moradores do São João foram realocados. Descobrimos através do relato de alguns moradores que eles não possuem um documento que comprova que aquelas casa lhes pertencem de fato.