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No final de sua vida, o grande psiquiatra alemão Carl Gustav Jung escreveu um livro bem ilustrado popularizando alguns dos conceitos que diligentemente havia desenvolvido durante mais de meio século de prática psicanalítica. O livro, “O Homem E Seus Símbolos”, apontava a grande importância que os símbolos adquirem na configuração de certos ideais pessoais ou coletivos

Quarenta anos após a queda do Império, Getúlio Vargas, tornou-se ditador do Brasil. Um país jovem, que ainda tinha na figura do Imperador Pedro II a imagem de um poder central mais forte do que a federação dos estados criada pela república. Em 1932, apenas dois anos depois, São Paulo fez a sua revolução constitucionalista, negando os princípios unitários que Getúlio Vargas trazia do Rio Grande do Sul. Getúlio, porém, não ficou só na letra. Ele adquiriu o palácio imperial de Petrópolis, adotou a cidade como sua moradia de verão e criou uma verdadeira corte de apaniguados ao seu redor.

Os empresários do jogo do bicho ou contraventores como outrora eram conhecidos, detêm hoje em dia um expressivo poder em diferentes comunidades, verdadeiros feudos. No Carnaval, desfilam com todas as pompas e circunstâncias sob os olhos embevecidos da população, polícia e governadores – onde podem publicamente ostentar o seu exército de sambistas e diversos batalhões uniformizados, disciplinados e, felizmente para nós, não querendo nada além de uma noite de glória. Neste dia mostram para a cidade que são cidadãos de bem e benfeitores públicos, dignos do mais alto reconhecimento, pois atraem turistas e divisas.

Na Roma antiga, os comandantes de exércitos, cônsules que se saiam vitoriosos em grandes batalhas contra os bárbaros, eram merecedores de um “Triunfo”, um grande desfile pela cidade mostrando os prisioneiros, os tesouros conquistados, os escravos subjugados - o que era meio caminho andado para sua eleição para o consulado ou mesmo para o Império.

Os três exemplos citados são de clara interpretação das finalidades buscadas através dos símbolos utilizados. Eles têm o poder de mostrar sem discursos e sem palavras o que o protagonista está querendo passar. Nos três casos, ser detentor de um poder muito superior a qualquer rival. Com isso, se habilitando às benesses e a permanência do que seria uma condição efêmera.

No último 7 de setembro, o vetusto Rolls Royce presidencial do Brasil, que mais caberia em um museu, foi retirado da garagem para que Lula desfilasse qual a Rainha da Inglaterra ou algum tiranete do antigo império colonial inglês. O desfile, aliás, foi eclético, mostrando um enorme Zé Gotinha, bem mais impressionante que o digno calhambeque presidencial.

O que dá margem a inúmeras perguntas é: O que Lula quis simbolizar? Talvez um poder autoritário, absolutista, como o dos chefes tribais. Não deixa de ser estranho adotar esta imagem quando o poder do Executivo se dilui frente aos do Legislativo e do Judiciário.

Conteúdo Cedro Rosa Digital.

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