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🌍 O mundo pode estar sendo afetado por uma outra pandemia: a da obsessão por ser normal.

Tomei emprestado o termo do 📖 Normose: a patologia da normalidade.

Normose é um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir, que são aprovados por consenso ou por maioria e que provocam sofrimento, doença e perda da qualidade de vida.

Uma pessoa normótica é aquela que se adapta a um sistema doente, e age como a maioria, interrompendo o fluxo evolutivo e gerando estagnação.

A #normose pode provocar um adoecimento da produção de conhecimento, formação acadêmica e até da prática médica.

Na Medicina, a normose é capaz de reduzir a individualidade dos tratamentos, obstruir o raciocínio do médico e desencorajar a inovação e a prospecção do que é realmente novo, pois produz um tipo de comportamento formalista e burocrático, orientado pela necessidade de conformidade com critérios externos.

Já a padronização, a burocratização e a repressão são o amálgama da mediocridade, que afunda qualquer produção intelectual.

Será que temos visto isso Anestesiologia atual ? Uma normalidade que ceifa o raciocínio e a individualização?

O médico normótico sofre da falta de empenho em fazer florescer seus dons e virtudes, enterrando seus talentos, fugindo da sua missão individual e intransferível. Vive de acordo com o que acredita ser um “estado normal” das coisas, seguindo expectativas e tendências sem nunca questioná-las, devido ao caráter automático e inconsciente. É absorvido pelo que se pode chamar de “espírito de rebanho”.

De modo geral, seres humanos, por preguiça e autoindulgência, costumam seguir o exemplo da maioria.

Trabalhar + de 60 h/sem em troca de dinheiro, sem ter tempo para gastá-lo, é normal. Anestesia Geral para todas as cirurgias pediátricas é supernormal, afinal todo mundo faz assim!

Mas aquilo que é normalizado é, necessariamente, correto ou saudável?

A normose pode nos fazer recusar novas formas de ver o mundo.

Um mundo em constante mudança pede por novos olhares, novas maneiras de lidar com a ordem das coisas, novos questionamentos e novas atitudes.

Afinal, se ser normal é uma doença, sair da caixa pode ser o remédio.