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No episódio de hoje, trago uma escrita sobre aquele medo de se perder em um livro de poesias, de se ver refletida em palavras que parecem gritar a verdade que a gente não quer ouvir? Pois é, é disso que falo aqui. A poesia tem esse poder, de nos tirar do lugar, de nos fazer olhar pra dentro e, muitas vezes, a gente não tá pronto pra isso. Vem comigo explorar esses sentimentos de incerteza, silêncio e a batalha interna entre o que a gente quer sonhar e o que já viveu.

Poesia: Não sei se tem um de fato

Autora: Maria

Ando com medo de me encontrar em uma página de Drummond

Temo me identificar profundamente com as palavras de Álvaro de Campos

Não me atrevo as escritas de Florbela

Estou apavorada antes de sequer abrir um livro de poesias

Estou desesperada que paro no antes e nunca chego no depois ou no durante

Porque nesse instante eu tenho certeza que as palavras poéticas conseguem me decifrar…

até mesmo dizer aquilo que não ouso sussurrar para mim

São tempos de mudança em que o coração voltou a bater

Mas permaneço sentada na cama quase deitada com a minha atenção comprometida pelo bpm que ecoa em minha caixa toraxica

Até minhas escritas se não muito bem ditas e escondidas podem me fazer correr

Já que o que eu já havia aprendido com a vida se torna gritante e não sai dos meus pensamentos…

como o sino da igreja que toca de hora em hora

uma hora dessas ei de explodir em mim ou, de forma irônica encontrar “silencio”

Me terei como ganha, a vida ganhou essa rodada e nessa mesma roda eu caio na realidade pavimentada

me quebro

me contorço

não quero me ouvir

se é que sei ao certo o que falar

Mas de tudo o que se passa eu aprendi que nem sempre faz bem sonhar

Assim como novamente me encontro frente ao tempo e dos menores males eu olho para trás

Quem sabe antes de tudo… tudo esse que nem ao menos sei o que significa

Ao invés de olhar para frente e sonhar uma grande fantasia que nem com muito esforço consigo encontrar um elo que a conecte com a realidade por mim vivida

Já ganhei muito com os anos, mas sem nenhum engano, me lembro mais das partidas e daquelas que partiram sem nem ao menos estar