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Recentemente, percebi que existia algo “errado” dentro de mim.

Percebi uma incansável busca por referências externas, por conquistas atrás de conquistas.

E por mais grandiosas e satisfatórias que fossem essas conquistas, ainda persistia um sentimento interno de vazio.

A famosa sensação de fazer por fazer, da fugo-luta, de querer fazer mais e mais, sem aproveitar o momento presente.

Treinamentos, livros, pessoas, relações, negócios, meditações, terapeutas, exercícios….

No começo, tudo era uma excitação gostosa… mas logo a lua de mel passava e vinha o sentimento de “buraco” de novo.

As poucas pessoas corajosas e sinceras que conheci em meu caminho, ao invés de passar a mão em minha cabeça, de uma maneira ou de outra falaram, de forma bem clara:

“Eu não possuo o que você busca, você precisa descobrir isso por si só. Esteja aberto para a vida e sinta o caminho.”

Acho que poucas coisas frustram tanto o ego quanto a volta para a responsabilidade.

Ao mesmo tempo em que é grandioso, pensa muito de si, e te faz parecer sobre-humano, o ego é frágil, tirano e manipulador.

Ele quer resultados, agitação e alegria a qualquer custo.

Ele busca te seduzir o tempo todo com novos pensamentos, novas ideias, novos desejos.

E como a mente é muito criativa, o negócio vai longe! Entramos em uma espiral infinita de ciladas e mais ciladas…

A última grande enrascada que entrei com meu ego foi acreditar na crença de que “eu sou auto-suficiente”, que “eu não preciso de nada nem ninguém para ser feliz”, e que “eu dou conta de tudo”.

Que “eu nunca vou ser igual aos meus pais”, “tenho medo de ser igual aos meus pais”.

Curiosamente, percebi que esse medo (de ser igual aos pais) era algo comum não só a mim, mas a diversas pessoas com quem conversei.

E curiosamente percebi que as crenças de que “eu sou auto-suficiente”,  “eu não preciso de nada nem ninguém para ser feliz”, e “eu dou conta de tudo” vieram dos meus pais, quando eles estão no pior deles.

Logo que tomei consciência desses pensamentos, eu percebi de forma um pouco mais clara como eles atrapalhavam a minha vida:

Por exemplo, se eu tinha um problema profissional, eu preferia ler a biografia do Elon Musk ou do Steve Jobs, ou procurar diversos vídeos no youtube sobre liderança e marketing, ao invés de dar um simples telefonema para o meu pai.

Se queria aprender a desenhar, pintar e cozinhar, iria atrás do melhor artista do mundo, comprar livros e assistir tutoriais na internet ao invés de simplesmente passar uma tarde com a minha mãe.

De alguma forma, a mente me convencia de que meus pais nunca eram o “suficiente”. Que o que eles tinham a me oferecer não bastava.

Que era muito mais chique postar no instagram que estava almoçando com alguém famoso, ou entrevistando alguém foda no podcast, ou ainda compartilhar receitas dos canais famosos do YouTube, do que a simplicidade do conhecimento que meus pais ofereciam.

E é paradoxalmente curioso compreender quão complexa a nossa vida pode se tornar por não aceitar a simplicidade.

Um certo dia, meu amigo apontou que eu estava confundindo “honrar pai e mãe” com “obedecer pai e mãe”.

Nos episódios de infância em que tive que utilizar da rebeldia para fazer presente a minha fala, a mente binária e absoluta guardou que obedecer é uma coisa, e honrar é outra.

Momentos de discórdia na relação com meus pais reforçaram uma programação de medo e angústia em meu sistema, que me faz querer sempre mais e ter reconhecimento.

E essa programação atua de forma doentia, olha só:

Como a figura dos pais interna não era o suficiente, a programação me fez buscar no externo, no mundo, o que fazer.

O mundo me ensinou que tudo que eu buscava estava na fama, poder e riqueza, ao invés da conexão espiritual, da essência de quem eu sou.


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