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Florença, 12 de novembro de 2021.

Entre sonhos de viagens, textos estranhos, páginas, goles e um bj, boa leitura e bom fim de semana.

OLINDAS

Olinda e Maria Olinda se conheciam de troca de olhares, acenos de cabeça e informações de terceiros, há muitos anos. Nunca haviam conversado. Coisas da vida.

Moradoras da mesma rua, esposas de seus maridos, mães de seus filhos e donas de suas casas; com lenços na cabeça e casaquinhos para o frio, quando uma vinha, sempre, a outra já tinha ido. 

 Passaram-se os anos, os filhos ganharam mundo, levaram os netos junto, e os maridos, esta espécie morredoura, cumpriram seus destinos. Em suas casas, cuidando de tudo, ficaram as Olindas.

Certa tarde, diz a história, uma delas, parada na calçada em frente à sua casa, viu a conhecida vir em sua direção, caminhando lenta, cuidando os passos e arrastando os pés. 

Veio, parou, levantou o olhar e suspirou: 

– Ai, ai.– Para mim você vai dizer isto? – Respondeu, a outra Olinda.

Vitor Bertini

* Ficção é uma mentira, cheia de verdades. Estas Olindas eu inventei - a história eu recolhi de amigos que admiro;

* Sexta, dia 19 de novembro, tem mais;

* Mensagem na garrafa: você que chegou até aqui por curiosidade, gosto ou preguiça, ajude o autor clicando em qualquer botão vermelho perdido por aí.

FATIAS DE LIVRO

Sonhar o sonho impossível,Sofrer a angústia implacável,Pisar onde os bravos não ousam,Reparar o mal irreparável,Amar um amor casto à distância,Enfrentar o inimigo invencível,Tentar quando as forças se esvaem,Alcançar a estrela inatingível:Essa é a minha busca (Que seja a tua busca*).– Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes

* De Lauro e Noemi, para Antônio.



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