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O mundo dos videogames cresceu exponencialmente nas últimas décadas. O que antes era visto como um passatempo infantil ou juvenil se transformou em uma indústria multimilionária que atravessa gerações, gêneros e culturas.

Mas, com esse crescimento, surgem também muitas dúvidas: afinal, quais são os efeitos psicológicos dos videogames? Eles influenciam o comportamento? Podem ser benéficos para a mente ou apenas causam problemas?

Benefícios psicológicos dos videogames

Antes de falarmos sobre possíveis impactos negativos, é importante reconhecer que os jogos também podem trazer benefícios.

Estímulo cognitivo

Jogos que exigem raciocínio lógico, estratégia ou memória contribuem para o desenvolvimento de funções executivas. Jogos de ação, por exemplo, aumentam a atenção visual seletiva e a velocidade de processamento. Já jogos de estratégia podem melhorar a tomada de decisão, o planejamento e a flexibilidade mental.

Esses ganhos cognitivos são especialmente relevantes em faixas etárias como a infância e a velhice, nas quais o cérebro está, respectivamente, em desenvolvimento ou em declínio gradual. Por isso, em ambos os casos, jogos bem escolhidos e moderadamente utilizados podem funcionar como exercícios para a mente.

Redução do estresse e melhora do humor

Diversos jogadores relatam usar os videogames como forma de relaxar após um dia estressante. Então, pesquisas mostram que jogos com componentes recompensadores, narrativas envolventes e ambientes imersivos ajudam a regular o humor, especialmente em pessoas com sintomas leves de ansiedade ou tristeza.

A liberação de dopamina associada à experiência de sucesso nos jogos pode contribuir momentaneamente para o bem-estar emocional. É claro que isso não substitui abordagens terapêuticas formais em casos mais graves, mas pode ser um recurso complementar em alguns contextos.

Socialização e senso de pertencimento

Jogos multiplayer e comunidades online oferecem oportunidades de socialização, inclusive para pessoas que têm dificuldades com interações presenciais. Para adolescentes e jovens adultos, isso pode criar um senso de pertencimento importante, principalmente quando se sentem marginalizados em outros espaços.

Alguns jogos promovem a colaboração e a construção de estratégias em grupo, fortalecendo vínculos e até ensinando habilidades sociais, como negociação, empatia e liderança.

Os riscos psicológicos do uso excessivo

Apesar dos benefícios, o uso excessivo ou inadequado dos videogames pode acarretar prejuízos importantes para a saúde mental e emocional. O impacto varia de pessoa para pessoa, mas alguns riscos já são bem documentados.

Comportamentos compulsivos e vício em jogos

Uma das maiores preocupações atuais é o desenvolvimento de comportamentos compulsivos relacionados aos jogos, especialmente os online e competitivos. Em 2018, a Organização Mundial da Saúde reconheceu oficialmente o transtorno por uso de videogames como condição de saúde mental.

Esse transtorno se caracteriza por uma perda de controle sobre o tempo de jogo, prioridade excessiva aos jogos em detrimento de outras atividades e a manutenção do hábito mesmo diante de consequências negativas, como problemas escolares, familiares ou profissionais.

Isolamento social e prejuízos na vida cotidiana

Embora os jogos possam promover socialização, o uso desmedido pode gerar o efeito oposto: o isolamento. Jogadores que passam muitas horas imersos em mundos virtuais podem negligenciar suas relações reais, reduzindo o contato com amigos, familiares e colegas.

Em adolescentes, isso pode se manifestar como dificuldade de interação social, queda no rendimento escolar e aumento da irritabilidade. Já em adultos, pode afetar o desempenho no trabalho, o autocuidado e os relacionamentos afetivos.

Ansiedade, frustração e agressividade

Jogos com desafios constantes, recompensas imediatas e alta competitividade podem aumentar os níveis de ansiedade em jogadores mais vulneráveis. Além disso, a frustração diante de derrotas sucessivas ou ...