
Eu, bem louca que sou, surtei e fui à Inglaterra 3 anos seguidos. Conheci Londres e algumas outras cidades mas, por infelicidade e, confesso, falta de planejamento, não consegui conhecer uma das cidades que mais me desperta curiosidade: Manchester.
Quem já conhece Manchester me pergunta o porquê desta vontade já que a cidade não é, digamos, um símbolo de beleza: é uma cidade totalmente industrializada e cinza.
E eu respondo: porque Manchester deve transpirar música.
Não sei se você já notou o que eu venho notando há um bom tempo, 90% das novidades musicais vem da Inglaterra e destes 90%, grande parte nasce em Manchester. Impressionante.
Já perguntei a uma inglesa que produto químico eles costumam colocar na água de lá, ela deu risada e me respondeu: provavelmente lá surgem muitos músicos porque há muitas fábricas desativadas e as bandas aproveitam esses espaços para soltarem as bruxas e ensaiarem à vontade. Então surgem algumas bandas boas, outras se empolgam, e temos um círculo vicioso. Deliciosamente vicioso, digo eu.
Falo de Manchester aqui porque chegou a hora de dar espaço a uma das minhas bandas prediletas: New Order.
Em 1976, surgiu a banda Stiff Kittens, com Bernard Sumner na guitarra, Peter Hook no baixo e Terry Mason na bateria. Neste mesmo ano, após assistirem a uma apresentação dos Sex Pistols, eles empolgaram e colocaram um anúncio no jornal procurando um vocalista para a banda. Apareceu então o maluco Ian Curtis. O nome da banda mudou para Warsaw e, logo depois, para Joy Division. Aliás, o nome Joy Division levantou muitas polêmicas pois se refere a espaços sado-masô onde os soldados nazistas se “divertiam” nos campos de concentração. Logo mentes “espertas” tentaram associar a banda ao Nazismo (idiotas existem em todas as épocas e em todos os lugares).
Ian Curtis tinha epilepsia e chegou a ter ataques durantes as suas apresentações. Mórbido que era, não bastava ser epilético, enquanto cantava ele dançava como se estivesse tendo um ataque de epilepsia verdadeiro naquele momento.
Joy Division só lançou dois álbuns: “Unknown Pleasures”, que foi um sucesso imediato (e claramente inspirado em The Doors, Velvet Underground e David Bowie), e “Closer”, mas este último Ian Curtis não presenciou o sucesso: ele se enforcou pouco antes do lançamento.
Como banda boa é banda boa, nada acabou. Sem Ian Curtis, a banda assume uma nova ordem.
Continua...
PS: Transmission, a música de hoje, é uma das minhas preferidas. Gostaria que fosse Atmosphere, mas vou tentar postar o clip dela depois, que é absolutamente lindo.
PS 2: sempre achei a música do Joy Division meio “dura” mas após assistir ao filme “24 Hour Party People” (“A Festa Nunca Termina”, em português) consegui entender a musicalidade perfeitamente e passei a amá-los. Este filme não foi lançado em VHS ou DVD no Brasil MAS EU TENHO, TÁ? Baixei na internet... coisas da tecnologia...