
São cinco horas da tarde do dia 20 de setembro de 2006. Uma forte chuva caiu sobre São Paulo. O céu ficou escuro em plena tarde e acaba de clarear.
Durante alguns segundos de silêncio das buzinas dos carros que passam pela Ministro Rocha Azevedo, em pleno Jardins, ouço o piar de um pássaro. Imagino que ele está com uma carinha feliz, todo molhado da água da chuva, tamanho o acalento que sua voz frágil me provoca. Eu posso até imaginá-lo dançando.
Há tempos eu não parava para ouvir um pássaro, principalmente no centro de São Paulo. Ouvi-lo encheu meu coração de alegria e de esperança. Esperança de quê? Não sei. Mas a alegria foi por perceber que alguns serezinhos ainda se arriscam a viver em meio ao caos e às buzinas tocadas por pessoas completamente estressadas e mal educadas, como que com a finalidade única de acarinhar alguns corações solitários da cidade.
Lu Gerbovic

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