
Estou testando um novo método para avaliar minhas prioridades e valorar minhas escolhas: o do leito de morte.
Para saber em que lugar da minha lista de prioridades tal ato ou fato está e para saber o quanto aquilo é importante pra mim, me pergunto: "no momento da minha morte, por um segundo que seja, me arrependerei ou não de ter feito isto ou aquilo? Vou chegar a me lembrar desse momento na hora de minha morte?"
Se a resposta for sim, aquele fato merece que eu lhe dê valor. Por exemplo: fiz uma prova de finanças onde tive que calcular valor de empresas, preço de ações, EVA, ROI, ROL, ROE, ROA, PVA, P/L, NOPAT e mais uma série de coisas que no fundo eu acho que são pegadinhas e fui muito mal. Eu, uma pessoa que ama as palavras e não se entende com os números, devo ter tirado um belo zero e saí mal da sala de aula. Aí pensei: "no momento da minha morte, vou pensar nessa prova e me arrepender de não ter estudado mais?" Não, não vou. Não vou nem me lembrar dessa prova. Então esse fato não tem tanto valor assim.
Tentando me acostumar a essa idéia, fui pra casa depois da prova um pouco cabisbaixa. Ao chegar, louca para me enfiar na cama e dormir, encontrei minha cadelinha doida para brincar. Pensei: "na hora de minha morte, vou pensar que eu poderia ter brincado mais com a Penélope?" Sim, vou. Então tratei de correr pela sala com ela, pois essa brincadeira tem muito valor.
E por aí vai: convite para um cinema num dia em que eu deveria dormir cedo. Uma viagem num feriado onde eu deveria fazer alguns trabalhos extras. Um bar com os amigos numa hora em que deveria estudar. Tudo isso tem muito valor.
Isso não significa que fugirei das obrigações e responsabilidades, as quais levo exageradamente a sério (e talvez até por isso esteja tentando encontrar uma maneira de não sofrer tanto pelas suas consequências), mas o novo critério possa talvez me ensinar a dar o real valor para as coisas.
Lu Gerbovic

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