Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊
Uma novidade do Google pode mudar como construímos nosso conhecimento.
Quando foi lançado, o ChatGPT ganhou a alcunha de “assassino do Google”, pois muita gente achava que a sua proposta seria a nova maneira de se buscar conteúdo. Mas passados 33 meses, o uso do buscador mantém-se estável. A ironia é que uma novidade do próprio Google pode enterrar, aos poucos, seu formato consagrado.
Trata-se do “Modo IA”, que estreou no Brasil no dia 8, quatro meses depois dos EUA. Ele se parece ao ChatGPT, com uma janela para o usuário escrever o que quer e então receber uma resposta completa, sintetizada a partir do conteúdo de páginas selecionadas pelo buscador.
Mas ao contrário do ChatGPT, o “Modo IA” faz parte do buscador. Isso pode ser determinante para popularizar o novo formato em substituição à busca tradicional. Assim a empresa pretende defender seu principal produto do crescimento das plataformas de IA concorrentes.
A novidade não deve ser vista como “apenas mais um recurso”. Seu sucesso pode alterar significativamente o processo de como buscamos conteúdo e construímos conhecimento, a exemplo do que o próprio Google fez no passado. Isso atende à demanda crescente por velocidade e praticidade, mas pode levar a ainda mais desinformação e conteúdos errados, e ampliar a tendência à superficialidade.
Mais grave é o risco de afetar cognitivamente os usuários. O “Modo IA” transforma a busca em um consumo passivo de respostas prontas, reduzindo o hábito de confrontar informações, exercitar a memória e analisar criticamente as fontes. Pela sua ilusão de completude, reduz a curiosidade e a busca por múltiplos pontos de vista, levando a um processo de “terceirização cognitiva”, em que delegamos tanta coisa às máquinas, que acabamos enfraquecendo nossa própria autonomia intelectual.
Surge então a dúvida legítima se esse recurso é mais positivo ou negativo para nós. É sobre isso que falo nesse episódio.
E você, acha que está usando a IA de maneira consciente e produtiva, ou está “terceirizando” coisas demais para ela?