Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊
Não olhe agora, mas tem um robô sequestrando o seu voto!
Desde que o austríaco Fritz Lang levou o robô Maria para as telas, no cultuado “Metropolis” (1927), máquinas fingindo ser pessoas vêm sendo exploradas pela ficção. Ainda que de maneira bem diferente de livros e filmes, nunca estivemos tão perto de isso acontecer, com profundos impactos sociais.
Considerado um expoente do expressionismo alemão, o filme retrata um futuro distópico, que curiosamente se passa em 2020. Nele, governantes que temem uma revolução popular usam uma máquina que falsifica a verdadeira Maria, uma mulher carismática e que prega paz e esperança, para semear o caos entre os trabalhadores.
Na nossa realidade, os robôs mais avançados não têm corpos, mas enganam ao se comportarem como humanos. Eles transmitem ideias de maneira muito convincente, falando como nós. E isso pode transformar a sociedade mais que a Maria de Lang.
No mês, passado, Yuval Noah Harari argumentou em um artigo que a capacidade de a inteligência artificial convencer pessoas melhora à medida que esses sistemas se parecem mais com seres humanos. Como explica o historiador e filósofo israelense, a democracia depende de diálogo, e debates nacionais só se tornaram e se mantêm viáveis graças a tecnologias da informação, como os jornais e a TV.
Logo, qualquer mudança tecnológica pode impactar o diálogo e, consequentemente, a democracia. O irônico é que passamos agora, com a IA, pela maior transformação em décadas, mas seu impacto no diálogo não se dá por ampliar a troca de ideias, mas por ser uma ferramenta excepcional de manipulação das massas.
A pergunta que surge é: até onde esses “falsos humanos” podem prejudicar nossa capacidade de fazer escolhas conscientes sobre o que realmente é melhor para nós?
A eleição desse domingo ajuda a entender isso. Para saber como, convido você a assistir a esse meu episódio.
E você, sente que a IA pode manipular suas ideias?