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Description

Um relato visceral sobre a loucura que vai, lentamente, tomando conta da mente humana por decorrência do cansaço, do frio e, principalmente, da fome. É isso o que nos releva o romance sobre um jovem escritor que passa dias tortuosos, vagando pela cidade quase que como um vagabundo sem casa, amigos ou família, enquanto tenta desesperadamente ter boas ideias e escrever um artigo de qualidade para obter algum dinheiro com a publicação em um jornal da cidade. Chamada Cristiânia, mas que hoje é Olso, a capital da Noruega.

O livro “Fome”, escrito por Knut Hamsun e publicado em 1890, envolve passagens repletas de ironias, mas que podem encher de tristeza a alma de um leitor ao se dar conta de que o personagem principal – e que quase faz um monólogo durante toda a obra; está mais e mais fora da realidade por não conseguir se estabelecer financeiramente em seu ofício de escritor até se deparar com a escolha de morrer de fome ou encarar um novo desafio. A obra do norueguês é densa e rica em detalhes, o que nos faz pensar se, talvez, não eram problemas que o próprio autor conheceu de perto.

A escrita de Knut Hamsun é impactante e nos faz a cada página ansiar pelo sucesso do personagem que, apesar de encarar seus defeitos e reconhecer os deslizes que comete na vida, acima de tudo tem bom coração e é determinado. Em certo momento, conseguindo alguns centavos, ao invés de comer, ele prefere gastar todo dinheiro comprando um lápis e papel, para poder escrever novos artigos. A loucura do personagem é um reflexo dos ideais do autor, sobre o desgaste que o homem sofre ao longo do tempo ao mesmo tempo em que não abandona a esperança. E esse impacto foi determinante para que Hamsun fosse agraciado com o prêmio Nobel de literatura em 1920.