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Este é o nosso episódio de número 239 e hoje recebemos o filósofo e editor Maikel da Silveira para uma conversa longa e extremamente rica sobre o pensador japonês Kōjin Karatani.


194. Direito dos animais 91

No episódio de hoje do Filosofia Pop, Maikel (que frente da primeira tradução brasileira da obra principal de Karatani, A Estrutura da História Mundial, prevista para março de 2026 pela Editora Machado) nos apresenta a trajetória intelectual desse filósofo japonês ainda pouco conhecido no Brasil, mas já considerado um dos maiores pensadores vivos do Japão e ganhador, em 2022, do prestigioso Berggruen Prize, muitas vezes chamado de “Nobel da Filosofia”.

Partindo de sua própria experiência acadêmica e política, Michael explica como chegou a Karatani a partir de uma crítica ao populismo de esquerda, mostra como o japonês reelabora Marx a partir de uma leitura transversal com Kant, expõe a famosa teoria dos modos de troca (A, B, C e o retorno do modo D), o nó borromeu capital–Estado–nação e a proposta política do associationism como alternativa real ao capitalismo-nação-Estado. Tudo isso atravessado por uma perspectiva única: a de alguém que viveu a modernização acelerada e forçada do Japão pós-guerra e que, a partir daí, consegue ver fissuras que muitos teóricos ocidentais simplesmente não enxergam.

Resumo dos temas principais abordados na entrevista

  1. Quem é Kōjin Karatani
    • Filósofo japonês nascido em 1941, um dos maiores pensadores vivos do Japão;
    • Ganhador do Berggruen Prize 2022 (“Nobel da Filosofia”);
    • Trajetória que vai da crítica literária (anos 60-70) ao marxismo japonês (influência de Kozo Uno), passando pelo estruturalismo, pós-estruturalismo e diálogo com Derrida, Jameson, De Man, etc.
  2. Como Michael Silveira chegou a Karatani
    • Via crítica ao populismo de esquerda (mestrado com Laclau → conclusão de que populismo é sintoma e resposta precária à crise de representação);
    • Doutorado orientado pela necessidade de pensar a articulação entre política nacional e economia mundial → Karatani como resposta.
  3. Ideias centrais de Karatani
    • O nó borromeu da modernidade: Capital – Estado-nação – Nação (com dominância do capital);
    • Teoria dos modos de troca (base de toda a sua filosofia da história): • Modo A: reciprocidade de dádiva (clã, comunidade primitiva) • Modo B: dominação e proteção (Estado imperial antigo) • Modo C: mercadoria (capital) • Modo D: retorno em nível superior da reciprocidade (associationism, redes de ajuda mútua transnacionais)
    • História como repetição e recombinação desses modos, não como progresso linear;
    • Conceito de “paralaxe” (depois popularizado por Žižek);
    • Crítica ao nacionalismo e ao estatismo; proposta política do New Associationist Movement (NAM) e do “modo D” como alternativa real ao capitalismo.
  4. Posição “entre-lugares”
    • Perspectiva privilegiada do Japão (modernização forçada pós-guerra) permite ver fissuras que teóricos ocidentais não enxergam;
    • Comparação com a posição “marrana” de Spinoza: crítica simultânea à tradição própria e à ocidental, sem conciliação fácil, mantendo a tensão (stay with the trouble).
  5. Recepção e atualidade
    • Ainda quase desconhecido no Brasil (nenhum livro traduzido até agora);
    • Primeira tradução brasileira: A Estrutura da História Mundial (Editora Machado, março 2026, trad. Alain Ilane);
    • Por que marxistas tradicionais rejeitam (abandona “modos de produção” por “modos de troca”);

Indicações feitas por Michael Silveira no episódio

Livros

Música

Audiovisual / Anime

Leitura complementar já disponível em outras línguas


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