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Ultimamente tenho vivido situações que me surpreendem
E surpreendem porque talvez eu tenha perdido o posto de controladora absoluta do meu destino
Primeiro eu passei o ano sofrendo (o ano não foi só sofrimento, exagero meu) achando que estava apaixonada por alguém com quem eu não conseguia sequer conversar
Depois na oportunidade que tive de conversar com a pessoa, fiquei sentada ao lado dela, ouvindo o que dizia enquanto uma lenta sensação de leveza, de esclarecimento me tomava... como se de repente uma parte mais tranquila e serena de mim dissesse: olha, Má, não é bem do jeito que vc pensava, esse rapaz é alguém conhecido, é um cara legal, mas ele talvez não seja "o cara", talvez nesse momento não.
E eu que sempre achei que o fim das paixões (mesmo as imaginárias) fosse triste, descobri que quando elas vão junto com o tempo, quando a gente simplesmente deixa a vida acontecer, esse fim pode ser um começo. O começo de uma nova fase, sem tantas expectativas, sem tantas cobranças.

Hoje eu tive a oportunidade de passar a tarde ao lado de um amigo muito querido. Na verdade há um ano atrás ele era meu namorado, mas eu não gosto de chamar ele de "ex", não sei, mas tenho a impressão de que quando chamamos alguém de "ex" o uso desse prefixo parece ser uma tentativa de apagar a pessoa da nossa vida, de torná-la menor de alguma forma. Mas ele é legal demais, não merece esse prefixo frio e eu também não tenho porque apagar ele da minha vida. Ele só me fez bem (tirando aquela vez em que ele terminou comigo de repente, mas até isso me ajudou de alguma forma me fez ser um pouquinho mais forte).
Nós conversamos, nos atualizamos um sobre a vida do outro e não parecia que estávamos seis meses sem conversar, parecia uma conversa que a gente começou ontem e que aproveitou o encontro de hoje para terminar.
Mas o fato é que eu, que há um mês atrás não estava tão animada com a visita dele, fiquei feliz com a tarde de hoje, fiquei tocada mesmo.
Ele disse que ainda gosta de mim, mas isso não fez muita diferença. Incrível foi ver o jeito que ele me olhava, era o mesmo olhar que ele me dava quatro anos atrás, quando a gente começou a namorar. E agora parando pra pensar, eu achei isso lindo, como ele consegue olhar pra mim do mesmo jeito, com a mesma ternura? Isso mexeu muito comigo, a gente pode ter conversado por duas horas, mas aquele olhar dele me deu a serenidade que eu precisava pra passar a tarde em sua companhia e me sentir bem, sentir que eu estava ao lado de alguém de quem gosto muito, talvez ame, mas de um jeito diferente, não daquele jeito de antes.
Eu ainda estou com o efeito de felicidade da tarde, se eu pudesse falar com ele agora eu diria que ele é a melhor companhia pra um cinema, que não tem pessoa melhor pra dividir a pipoca e comentar sobre o filme.
Na verdade, eu queria agradecer porque ele me fez feliz essa tarde, eu agradeci, eu quase sempre agradeço quando a gente se despede (nas raras vezes em que a gente se vê). Mas enquanto escrevo aqui sinto um pouco de tristeza também, é duro aceitar que o que eu sonhava quando tinha 13 anos, não é mais o que eu sonho agora. É difícil ver os sonhos se diluindo no tempo, nas lembranças, mas é uma transformação necessária, alguns sonhos morrem para que outros possam florescer. E é acreditando nisso que eu enxugo as lágrimas do rosto e termino este post.
E entrego a Deus e ao tempo tudo e todos que são realmente importantes para mim.