Meio de agosto já lá vai e setembro está à porta.
Não tarda nada e começamos o novo ciclo anual de trabalho.
Reabrem as escolas, regressam os adultos também ao trabalho.
E por isso lembrei-me desta conversa com Catarina Furtado que reedito hoje.
A razão da conversa era outra, mas calhou termos gravado no dia em que o governo decidiu mandar fechar as escolas devido à COVID-19. Para tentar suster a famosa onda epidémica.
O planeta parece viver em círculo. E em novo ano escolar parece que a COVID dá alguns sinais de aparecer neste inverno também. Afinal, como acontece com a gripe ou outras doenças respiratórias.
Com a Catarina falei de empatia, essa receita mágica da comunicação.
Olhar o mundo pelos olhos dos outros ou calçar os seus sapatos, como diz o povo. Sentir pelo outro, compreender, aceitar, ter compaixão e demonstrar um genuíno e desinteressado amor pelas pessoas.
E os temas cruzam-se, o fecho das escolas, como de outros serviços públicos, foram mais sentidos pelos menos favorecidos. A rede de suporte social é crítica para apoiar quem tem menos.
Tal como nessa altura os movimentos populistas mantêm-se a borbulhar.
A canalização das notícias falsas pelas redes sociais parecem ter vindo para ficar. Não é muito diferente dos boatos das aldeias, mas tem um potencial infetante maior.
É um risco que não devemos perder de vista.
Volto a Catarina Furtado. Nesta conversa vem ao de cima a sua fórmula existencial e de trabalho. Sim, é simpática, todos vemos isso, mas é outra coisa. É alguém capaz de sentir e gerar empatia. E isso é um toque distintivo da comunicação humana.
Catarina Furtado, de viva voz, a 26 de janeiro de 2021.
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0:00:13 - JORGE CORREIA
Ora Vivam. Bem-vindo-os ao Pergunta Simples, o vosso podcast sobre comunicação. Meio de agosto já lá vai e setembro está à porta. Não tarde nada. Começamos o novo ciclo-inual de trabalho, reabrem as escolas, regressam os adultos também ao trabalho. Por isso me lembrei desta conversa com o Catarina Furtado que ri dito hoje. A razão da conversa era outra, mas calhou termos gravado no dia em que o governo decidiu fechar as escolas por causa da Covid-19. Lembram-se, para tentar suster a famosa onda epidémica. O planeta parece viver em círculo e, em novo ano escolar, parece que a Covid há alguns sinais de querer apreciar este inverno também. Pode ser normal, afinal, como acontece com a gripo ou com as outras doenças respiratórias que aparecem no inverno e vão de férias no verão. Com a Catarina falei de empatia, essa receita mágica de comunicação Olhar o mundo pelos olhos dos outros ou calçar os seus sapatos, como diz o povo De sentir pelo outro, compreender, aceitar, ter compaixão e demonstrar um genuíno e desinteressado amor pelas pessoas. E os temas cruzam-se. O Fecha de Escolas como de outros serviços públicos foram definitivamente mais sentidos pelos menos favorecidos. A rede de suporte social é crítica para apoiar quem tem menos E provavelmente só agora estamos a ver alguns dos impactos da pandemia de Covid-19.
Tal como nessa altura, os movimentos populistas mantêm saborebollar A canalização das notícias falsas pelas redes sociais, parecem ter vindo para ficar. Não é muito diferente dos boatos nas aldeias, mas tem um potencial infetante bastante maior. É um risco que não devemos perder. A devista Volto a Catarina Fortado nesta conversa, venha ao de cima à sua fórmula essencial e de trabalho. Sim, ela é simpática, todos sabemos, mas é também outra coisa. E alguém capaz de gerar e sentir empatia, E isso é um toque distintivo da comunicação humana. Catarina Fortado de Viva Voz, 26 de janeiro de 2021.
0:02:24 - CATARINA FURTADO
Vamos assumir a verdade total do horário em que estamos a fazer esta conversa. O Primeiro-Ministro acabou de anunciar que as escolas vão ser todas fechadas E aquilo que te posso dizer, em primeiro lugar, porque tenho a minha adolescente ali no quarto ao lado, é que entendo perfeitamente, faz parte de um esforço coletivo e era invitável a que acontecesse. E isto agora só porque acho que o tema também merece isso. a pensar também na parte psicológica destes adolescentes, não só a acessão de conhecimentos, que obviamente vai ficar hipertocada, mas isso é geral, mas também a parte psicológica que vai ser muito afetada porque de facto estes adolescentes não estão a viver aquilo que são as burbulhas do crescimento, da adolescência. Isto vai entrar mais nesta facetária, porque acho que é de facto aquela facetária onde se constrói o espírito crítico, onde se constrói em identidade, onde se anda oscilando muito com as questões da autoestima E portanto essa parte se preocupa muito.
Perocupa-me também as desigualdades que vão ser ainda mais acentuadas no que diz respeito ao acesso à educação, porque na verdade serão sempre aqueles que têm menos acesso à educação formal e informal aqueles que serão mais prejudicados.
Portanto, obviamente que neste momento estou muito preocupada e muito solidária com todas as pessoas que estão na linha da frente, e aqui incluo enfermares, médicos, mas também os auxiliares de saúde que muitas vezes são esquecidos e fazem um trabalho exemplar, que tem que estar ali, ele desinfectar, limpar, enfim incansáveis com os mais velhos, a população mais velha que está a ser permanentemente amadrontada com o facto de estar sempre exposta na televisão e nos mais de comunicação social em geral, e depois com o nosso sistema nacional de saúde, obviamente, que está a enfraquecer e que leva por arrasto, obviamente, todo o outro tipo de patologias que estão a ficar em segundo, em terceiro lugar na ordem das prioridades nos hospitais e nas saúde.
portanto eu sou e acaba assim esta resposta eu sou obviamente uma privilegiada no meio disso tudo. do ponto de vista das saúde as coisas estão passando bastante bem até ao momento, mas do ponto de vista do impacto que este confinamento e esta pandemia até na minha vida pessoal e financeira, pronto a cá por ser uma privilegiada, mas não consigo deixar de pensar, até porque tu, com a minha coração, concrua diariamente para tentar atunular este impacto em muitas famílias, nomeadamente famílias de mães que estão sozinhas sem companheiros.
0:05:09 - JORGE CORREIA
Vamos falar dos corações que concrua obviamente tu, como receptor de informação. Como é que tu te estás a sentir neste caldo que estamos todos a viver? apesar de és uma privilegiada na verdade somos uns privilegiados, temos meios para estar bem no meio desta turbulência como é que tu recebes, como receptor de comunicação? abrises um tela jornal, ves um jornal e recebes que são 10 mil casos, 15 mil casos, 100 mortos, 200 mortos.
0:05:42 - CATARINA FURTADO
Bem, aqui várias pontas por onde eu poderia pegar. Sendo eu da comunicação social, eu percebo que tem que dar as verdades, as notícias que são verdadeiras, até porque nós estamos a viver uma época em que as falsas notícias estão a ocupar muito espaço da antena. Pregozamente, estamos em época de eleições. Eu não vou utilizar o teu podcast para fazer nenhum tipo de pressão, mas não resisto a deixar aqui um pensamento, uma reflexão, uma preocupação que é, por favor, que as pessoas tenham atenção quando consomem notícias falsas.
0:06:16 - JORGE CORREIA
Você está assustada com os movimentos populistas. Eu ouvi-te pela primeira vez tomar uma posição política que tenha a ver exatamente com o que eles estão defendam-se dos movimentos populistas, das falsas informações e, no fundo, das manipulações do nosso pensamento, usando a informação que não é verdadeira.
0:06:34 - CATARINA FURTADO
Exatamente, eu não faço aqui a pela nenhuma candidata, em particular não com o FIS, não tem nenhum candidato. Para ser muito sincero aqui contigo, tenho uma convicção de que não é o fascismo, não é o regresso do fascismo, não são os movimentos populistas que vão salvar de tudo. E tenho esta convicção não só que tenho um passado obviamente, sua filha do 20 de Abril mas sobretudo sinto que tenho autoridade para falar sobre estas questões porque eu trabalho no terreno no dia a dia, não só enquanto comunicadora falo com as pessoas do norte, do Sul do país, estou em contacto próximo as pessoas mas sobretudo enquanto ativista, enquanto é alguém que se faz da sua vida também o voluntariado e portanto, mais uma vez, com a minha coração esconcorou. Eu falo diariamente com as pessoas e falo também com pessoas migrantes, falo também com refugiados e portanto e falo também com a comunidade cigana, com a Romani, falo com os portugueses, os de bem, falo com toda a gente e na verdade tenho muito bem noção de que a demagogia é aquilo que provoca, semeia o medo, ao ponto de as pessoas pensar em ah meu Deus, há aqui um salvador. Mas na verdade nós até temos um, somos privilegiados no sentido em que já vimos como é que este despeceu da Salvador se comportaram noutros países e o desastre que foi só criar aqui.
Alertar, por favor, é fácil, é muito fácil, e compreendo que estejam indignadas, as gostadas, porque a situação não é de facto boa. Não é de facto boa no país inteiro, mas também no mundo inteiro, e não são essas respostas aparentemente salvadoras que nos vão aturnoar as almas. Posto isto, eu, sinceramente eu gostava que também houvessem, existissem mais notícias positivas. Sabe, jorge, gostava também que se referissem mais vezes o número de pessoas que foram recuperadas, que recuperaram do Covid, casos mais isolados, pessoas até bastante mais velhas, e há e estas notícias normalmente vêm só nos fidezinhos tipo curiosidade, ou nos Instagram, se partilhamos uns com os outros, mas podem abrir um telejornal.
Acho que é importante perceber que, enquanto houver esperança, há sempre capacidade de nós, recuperarmos a união porque senão este pânico faz com que as pessoas se dispersem, inclusive dispersem nos seus comportamentos, ficam menos unidas e ficam mais chaves que empoderam. E tu veias uma imagem,