Hoje vamos mesmo falar em exclusivo sobre comunicação.
Sobre os dilemas de comunicação que se levantam nas instituições, empresas, organizações ou grupos sociais quando toca a vez de falarem aos cidadãos.
Neste episódio poderá ouvir sobre:
A importância da comunicação orientada para o público em geral [00:00:12] Comunicar para o público em geral é nobre e útil, abrindo-se à sociedade e garantindo que os cidadãos estejam informados.
A utilidade e compreensão na linguagem utilizada [00:01:37] A comunicação deve ser útil e evitar o uso de jargões profissionais, utilizando uma linguagem simples e clara.
A criação de canais de comunicação para ouvir a reação do público [00:02:54] É importante criar canais para ouvir a reação do público, mesmo que seja uma reação negativa, pois é melhor do que o silêncio absoluto.
A importância da linguagem acessível [00:07:54] Discute-se a resistência em simplificar a linguagem técnica e a necessidade de aproximar as pessoas.
A confusão entre comunicação pública e comunicação privada [00:10:41] Aborda-se a visão antiga de que a comunicação pública é apenas para promover autoridades e como lidar com essa confusão.
A necessidade de comunicação orientada para o interesse público [00:12:00] Explora-se a importância de comunicar de forma compreensível e útil para ganhar imagem e reputação.
Reações do público [00:15:00] Como o público reage quando a comunicação não é de interesse público e a importância do engajamento.
Indignação e mau uso da comunicação [00:16:19] Eles falam sobre a indignação do público e como lidar com as críticas, além de abordar o mau uso da comunicação.
O papel do porta-voz [00:20:26] Discutem as características de um porta voz ideal, aquele que se conecta com a audiência e transmite humanidade.
A importância do recetor na comunicação [00:22:11] A comunicação só existe quando o receptor entende e absorve a mensagem, minimizando ruídos e facilitando a compreensão.
Mudando a lógica da comunicação organizacional [00:25:08] A necessidade de colocar o outro em primeiro lugar na comunicação pública, mostrando como os serviços e procedimentos podem realmente mudar a vida das pessoas.
O trabalho estratégico de comunicação [00:26:23] A importância de fazer um trabalho estratégico de comunicação, parando a "máquina da pastelaria" para ter tempo de pensar e refletir sobre o que está a ser feito.
A ilusão dos likes e a expectativa de viralização [00:29:53] Discutem a expectativa de que um conteúdo viralize nas redes sociais e a realidade de que isso raramente acontece.
As consequências de um viral negativo [00:30:40] Abordam como os cancelamentos e críticas nas redes sociais podem gerar crises de comunicação e reverberar mais rápido do que conteúdos de utilidade pública.
A importância de facilitar o acesso à informação [00:31:35] Aline fala sobre a gratificação de receber feedbacks positivos e agradecimentos por fornecer informações acessíveis e úteis às pessoas.
Vamos até ao Brasil, até São Paulo com a Aline Castro, uma comunicadora e autora de um interessante ‘podcast’ sobre comunicação pública. Chama-se precisamente “Comunicação Pública - Guia de Sobrevivência” e mostra muitas das dores de alma e pequenas vitórias dos comunicadores nas organizações que servem.
Comunicar para o público em geral é das coisas mais nobres e úteis que um a organização pode levar a cabo.
Significa abrir-se à sociedade, garantir que os cidadãos estão informados e criar condições para acolher o ponto de vista do público na organização.
No fundo, a comunicação quer criar elos de ligação entre pessoas.
E por isso deve ser sempre orientada por dois princípios fundamenta: as utilidade e o entendimento.
Dou um exemplo: se a comunicação for apenas um veículo de propaganda e de massagem do ego da organização e a sua liderança, ela não funciona. O público é inteligente e rapidamente esse tipo de comunicação torna-se irrelevante ou mesmo contraproducente.
Por isso a primeira pergunta que um comunicador colocar é: para que serve isto aos olhos do público que aspiramos atingir.
É uma informação útil?
Vai ajudar o público a decidir melhor?
A saber o que fazer?
E depois há a segunda parte: a linguagem.
Como tornar a informação facilmente percebida. Fugindo do jargão, da linguagem técnica ou de todas as palavras ou frases que são vazias ou, pura e simplesmente, impossíveis de entender por todos.
Finalmente há que criar boas condições para que se crie uma ligação, que haja canais para ouvir a reação do público.
É que mesmo uma reação menos simpática ou irada é melhor que o silêncio absoluto.
A Aline Castro tem essa experiência. Nos últimos 14 anos esteve a liderar a comunicação de um tribunal em S. Paulo no Brasil.
Mas os seus dilemas e arte para os resolver não se esgotam apenas no universo judiciário.
Se pensarem bem, a linguagem da boa comunicação estende-se por todos os organismos que fazem serviço público ou prestam serviços ao público.
E em caso de emergência socorram-se de um bóia de salvamento
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
00:00:00:01 - 00:00:21:08
JORGE CORREIA
Aline Castro, comunicadora pública, jornalista e também podcaster, tenha um podcasts que é o Comunicação Pública e Guia de Sobrevivência. Aline, precisamos nós, os comunicadores de uma Bahia Dilma, de um guia para sobrevivermos esta nossa tarefa de comunicar com o mundo.
00:00:22:13 - 00:01:00:12
ALINE CASTRO
Pois Jorge, como vai, tudo vem. Bom, acredito que uma boia pode ajudar um pouquinho. De vez em quando, um guia, como eu costumo dizer. Fazer comunicação não é fácil. Fazer comunicação pública no serviço público é ainda mais difícil. Os comunicadores públicos enfrentam muitos desafios, que vão desde uma incompreensão do papel, que é realmente que eles devem desenvolver dentro das organizações, até a multiplicidade de tarefas, a overdose de informação que eles têm que gerenciar, o fluxo de informação.
00:01:00:18 - 00:01:13:03
ALINE CASTRO
Completamente maluco muitas vezes. Então, o guia nasceu justamente para tentar orientá los nesse mundo absurdo e cheio de coisas que é a comunicação.
00:01:13:17 - 00:01:34:14
JORGE CORREIA
Olha, vamos já falar das dificuldades, mas eu antes prefiro começar pelo aquilo que é muito bom, que o que tu definiria como sendo grande comunicação, o que que algo que dissesse sim, olha aquilo que nós estamos a fazer aqui hoje. O que fizemos hoje aqui é grande comunicação e nós conseguimos sucesso. Podemos definir esse sucesso?
00:01:35:18 - 00:01:53:18
ALINE CASTRO
Eu acho que é aquilo que toca as pessoas e eu usaria. Gosto de usar muito uma palavra que é interesse público. Quando a gente fala de comunicação pública, a gente está naturalmente falando de interesse público. É aquilo que realmente vai fazer diferença na vida das pessoas. Eu começaria por aí.
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JORGE CORREIA
O que é o interesse público, que não é fácil de definir o que é que é o interesse público. O meu interesse particular ou teu interesse particular? É fácil para nós definir, mas o público é assim, uma entidade abstrata, grande, de um conjunto de muitas pessoas que têm muitos interesses muito diferentes.
00:02:13:14 - 00:02:56:11
ALINE CASTRO
A verdade não é fácil. Eu acho que a gente tem que pensar o que atinge mesmo o coletivo e o que pode fazer com que nós, enquanto grupo, enquanto sociedade, enquanto uma cidade ou até mesmo dentro de uma organização menor, o que pode facilitar a nossa convivência e a nossa realidade de uma forma. Então, acho que o grande papel da comunicação pública é saber realmente diferenciar o que as informações que vão facilitar, que vão fazer com que as pessoas realmente possam conviver melhor e exercitar os seus papel, os seus papéis dentro de uma organização, no caso de uma, de uma maneira melhor.
00:02:57:21 - 00:02:58:11
JORGE CORREIA
Quer dizer, por.
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ALINE CASTRO
Exemplo, a facilitação.
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JORGE CORREIA
Em sentar, sendo que o público sinta que aquela comunicação está a ser útil. Se for de um hospital saber como é que pode recorrer ao hospital, se for no tribunal, tu tens essa experiência. No caso de um tribunal, como é que ele funciona? Para quê que ele serve na experiência portuguesa? Normalmente, os tribunais não explicam quase nada, não explicam as decisões.
00:03:19:22 - 00:03:36:21
JORGE CORREIA
Nós conhecemos apenas aquilo que o tribunal decidiu na sentença ou no acórdão final, mas não há essa interação com o público. Como é que é? Como é que no Brasil também? E também é a mesma fórmula? Ou, pelo contrário, o sistema judiciário está mais aberto e admite falar com o público em geral sobre aquilo que está a fazer.
00:03:37:17 - 00:04:13:06
ALINE CASTRO
Não é tão diferente. Jorge Existe um movimento grande para que isso se altere e seja para que a justiça seja mais acessível mesmo, seja mais próxima das pessoas. Eu, inclusive, sou isso tudo, muito o movimento da linguagem simples em linguagem que tem muito esse papel de traduzir o juridiquês. E para que as pessoas, qualquer pessoa, independente do nível educacional, do local da origem, consiga entender pelo -1 pouco mais ali do do sistema de justiça, das decisões judiciais e tudo mais.
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ALINE CASTRO
A gente ainda está engatinhando nisso. Essa é uma das minhas causas, uma das minhas lutas. Eu acho que a gente não precisa. Não é questão de deixar as decisões judiciais rasas e muito simplórias, não é isso. É simplesmente a gente ter noção de que a sociedade, para que ela possa realmente avançar como sociedade, as pessoas precisam e têm direito de ter mais clareza do que de como a Justiça opera seus direitos e das suas responsabilidades.
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JORGE CORREIA
E quando eu imagino que nesse trabalho diário e nessa experiência que tu tiveste em todos, temos que lidar de quem faz comunicação com os poderosos,