O 25 de abril de 1974. Celebramos, este ano, os 50 anos da Revolução dos Cravos
O ano do advento da Liberdade.
Esse dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses: Eduardo Gageiro.
Encontrei-o num sábado na exposição de múltiplas fotografias que tirou desde 1957.
Exposição na Cordoaria Nacional aberta e gratuita até 5 de maio.
Esta conversa tem luz e sombra.
É desse contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.
Esta edição é um testemunho da história.
Viva a Liberdade
TÓPICOS E TEMPOS
(00:05:27) Convocado para a Revolução Eduardo Gageiro é convocado para fotografar a revolução.
(00:06:50) Encontro com Salgueiro Maia Eduardo Gageiro conhece o comandante Salgueiro Maia.
(00:07:49) Tensões e negociações Eduardo Gageiro testemunha negociações e tensões durante a revolução.
(00:09:34) Medo e experiência anterior com a PIDE Gageiro relembra o seu medo e a sua experiência anterior com a PIDE.
(00:12:44) Momento de confronto Descrição do momento de confronto entre Salgueiro Maia e a cavalaria sete.
(00:14:39) A possibilidade de disparo evitada Eduardo Gageiro descreve o momento em que a possibilidade de alguém disparar um tiro foi evitada.
(00:15:52) Exposição em Barcelos Eduardo Gageiro fala sobre uma exposição e um colóquio com participantes do 25 de abril.
(00:17:26) O momento decisivo Conversa sobre um momento crucial da revolução e a relação pessoal entre dois homens.
(00:18:53) Fotografando Salgueiro Maia Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando Salgueiro Maia durante o 25 de abril.
(00:20:42) Desaparecimento das fotografias Discussão sobre o desaparecimento de fotografias importantes do 25 de abril.
(00:22:52) Fotografia simbólica Eduardo Gageiro descreve uma fotografia simbólica do Salazar na sede da PIDE.
(00:25:02) Paixão pela fotografia Eduardo Gageiro fala sobre a sua paixão pela fotografia desde jovem e sua influência social.
(00:27:22) O mundo desconhecido Eduardo Gageiro descreve a perplexidade ao descobrir a corrupção na distribuição de alimentos durante a sua infância.
(00:29:27) Influência e politização Gageiro fala sobre a influência de pessoas e livros na sua politização e formação como fotógrafo.
(00:30:30) Início na fotografia Gageiro conta como começou a fotografar e recebeu orientações de um mentor sobre composição e técnica.
(00:35:30) Primeiros prémios Gageiro relata a sua experiência ao ganhar o seu primeiro concurso de fotografia e o impacto disso na sua carreira.
(00:39:00) Reconhecimento internacional Gageiro discute a importância dos prémios na sua carreira e como isso o levou a ser reconhecido internacionalmente.
(00:39:20) Mudanças após o 25 de abril Eduardo fala sobre como a sua visibilidade mudou após a revolução.
(00:40:46) Viagens e prémios internacionais Eduardo descreve as suas viagens pela China, Índia e outros países, e seus prémios.
(00:43:23) Prêmio do Pravda Eduardo conta sobre o prémio que ganhou do jornal oficial do partido comunista russo.
(00:45:16) Persona non grata Eduardo fala sobre como se tornou "persona non grata" após se filiar a um partido.
(00:46:39) Documentando Portugal Eduardo explica a sua preferência por fotografar o ser humano e as lutas do país.
(00:47:54) Fotografia de Salazar Eduardo compartilha a história por trás de uma fotografia que tirou de Salazar.
(00:50:26) Estética na fotografia Eduardo discute a importância da estética e do equilíbrio na fotografia.
(00:51:51) Fotografando o caixão de Salazar Eduardo Gageiro descreve a sua experiência fotografando o caixão de Salazar e a reação das autoridades.
(00:55:53) Retratos de personalidades Gageiro fala sobre a importância da confiança para capturar retratos autênticos e destaca o retrato de Champalimaud.
(00:58:36) Fotografando o presidente Gageiro descreve a sessão de fotos com o presidente, incluindo a persuasão para usar luvas de boxe.
(01:01:12) Desafios na sessão de fotos Gageiro conta como convenceu o presidente a usar luvas de boxe e a interação durante a sessão de fotos.
(01:04:36) A luta pela publicação das fotografias Eduardo Gageiro fala sobre o esforço para convencer a senhora a publicar as suas fotografias.
(01:05:43) Histórias engraçadas e desagradáveis O fotógrafo compartilha experiências divertidas e desagradáveis ao fotografar personalidades.
(01:06:33) O desafio de fotografar um político Gageiro revela a dificuldade em capturar a essência de um político durante uma sessão de fotos.
(01:07:29) A força da fotografia de Amália Rodrigues O fotógrafo destaca a intensidade e a expressão da famosa fadista portuguesa nas suas fotografias.
(01:09:08) Fotografando com energia e emoção Gageiro descreve o processo de fotografar Amália Rodrigues com intensidade e emoção.
(01:09:46) Reflexões sobre o futuro de Portugal Eduardo Gageiro expressa as suas preocupações e desejos para um Portugal melhor e reflete sobre questões políticas globais.
Liberdade.
Subitamente passaram 50 anos.
Para quem nasceu em finais de 1971 o 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos. Depois lido em livros, recortes de jornais na hemeroteca por alturas do curso de jornalismo.
Há ainda as memórias do antes.
Da vida censurada e sem liberdade de expressão. O medo dos bufos e da PIDE, Do risco ou realidade de ir parar a guerra colónial. Das fugas a salto para emigrar para a França ou Alemanha.
Em busca de uma vida melhor.
E depois, o dia da celebração da Liberdade.
É desse dia que me ficam os relatos e retratos das testemunhas profissionais: os jornalistas e os fotojornalistas.
As reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra o pulsar desde dia. Do 25 de abril de 1974, na rádio.
E das eternas e mágicas fotografias de Eduardo Gageiro.
Captando o olhar de Salgueiro Maia. Ou o seu morder do lábio para não chorar.
Seria medo? Seria alegria?
Estas fotos tem tudo. Do mais humilde ao mais grandioso. Há uma portugalidade intrínseca e emanente nessas imagens.
Tal como estão expressas nas reportagens fotográficas do Portugal muito pobre do antes. As imagens inesquecíveis das crianças sujas e descalças no meio de caminhos duros e casas cinzentas.
O retrato do Portugal escondido. Da desigualdade estrema.
Gageiro viu os operários sem sapatos da fábrica de Sacavem e os visitantes nocturnos vindos do casino, homens bem-vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que inversamente eram negados aos que não pertenciam ao clube.
Havia o bacalhau do contrabando e sabe deus mais o quê. Havia tudo do bom e do melhor, mas apenas para alguns.
Essa desigualdade ainda preocupa Gageiro.
O fotografo que também retratou o glamour dos nossos maiores: há Amália, há Eusébio, há os poetas, os politicos, os poderosos, o povo.
Os muito ricos. Os muito pobres. Os intelectuais. Os trabalhadores da força de braços. Os músicos e os escritores. Será esta mistura um vislumbre da alma na não portuguesa?
Há Sofia de Mello Breyner que escreve em 4 estrofes tudo sobre o 25 de abril:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.”
Esta conversa foi para mim um privilégio.
E um gosto poder partilhá-la com todos.
Espero ter conseguido entender tudo o que me disse
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
0:12
Ora vivam.
Bem-vindos ao pergunta simples o vosso podcast sobre comunicação, sobre comunicação e, sobretudo, o resto sobre a vida, sobre as histórias, sobre a história, logo este ano em que celebramos 50 anos do 25/04/1974, o ano do advento da Liberdade.
0:32
Este dia foi retratado por um dos mais célebres e premiados fotojornalistas portugueses, Eduardo gageiro encontrei-o num sábado na sua exposição de múltiplas fotografias, que tirou desde 1957 exposição na cordadoria nacional.
Está aberta até 5 de maio e é de entrada gratuita.
0:49
Esta conversa tem luz e sombra.
É deste contraste que se faz a narrativa do Portugal contemporâneo.
Esta edição é um testemunho da história.
Viva Liberdade.
1:14
Liberdade subidamente passaram 50 anos para quem nasceu em finais de 1971.
O 25 de abril é vivido pela memória dos familiares e dos amigos mais velhos e depois lido em livros ou em recortes de jornais, na embroteca por alturas do curso de jornalismo.
Mas há ainda as memórias do ano.
1:35
Da vida censurada e sem Liberdade de expressão, do medo dos bufos e da pide, do risco da realidade de ir parar à guerra colonial, das fugas assalto para emigrar para a França ou para a Alemanha em busca de uma vida melhor e depois o dia da celebração da Liberdade.
1:53
É desse dia que me ficam os relatos de retratos, de testemunhas profissionais pelos jornalistas e os fotojornalistas, as reportagens com a voz de Adelino Gomes, que retratou na palavra.
O pulsar desse dia do 25/04/1974.
2:10
Na rádio e das eternas e mágicas fotografias de Eduardo gageiro, captando o olhar de Salgueiro Maia, Oo seu morder de lábio para não chorar seria medo, seria Alegria.
Estas fotos têm tudo, do mais humilde ao mais grandioso.
2:30
Há uma portugalidade intrínseca e imanente nessas imagens, tal como estão expressas noutras portagens fotográficas que fiz do Portugal, muito pobre do antes, as imagens inesquecíveis das crianças.
Sujas e descalças, no meio de caminhos duros e casas cinzentas, o retrato do Portugal escondido da vergonha da desigualdade gageiro, viu e mostrou-nos essa desigualdade Extrema viu nos operários, sem sapatos da fábrica de sacavém, ou nos visitantes noturnos vindos do Casino, homens bem vestidos e acompanhados pelas suas amantes, a quem o pai organizava banquetes onde havia todos os sabores e alimentos que, inversamente, eram negados aos que não pertenciam ao clube.