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Nenhuma arte depende tanto da comunicação como a política.

Seduzir os eleitores, negociar com outros políticos, explicar decisões difíceis, são tudo tarefas onde a comunicação tem papel-chave.

Talvez seja por isso que quando algum decisor é percecionada de forma mais crítica. Dizemos que ele tem um problema de comunicação.

Esta edição é sobre a forma como os políticos comunicam.

Ou melhor, é sobre como recebemos e interpretámos a comunicação política.

Um guia de viagem para os tempos que vivemos.

Tópicos e Tempos

A importância da comunicação na política (00:00:12)Discussão sobre o papel fundamental da comunicação na política e como ela influencia a perceção dos políticos pelo público.

O voto como emoção e paixão (00:01:35)Exploração da emoção e paixão envolvidas na decisão de voto, comparando-a com a relação emocional dos pais com os filhos.

O método de votação dos politólogos (00:03:32)Conversa sobre como os politólogos votam, baseado em convicções, intuições e vínculos emocionais com os candidatos.

Influência dos círculos distritais nas eleições (00:07:27)Análise da influência dos círculos distritais nas eleições e a questão da representatividade política em círculos mais pequenos.

A evolução da qualidade dos políticos (00:10:05)Reflexão sobre a evolução da qualidade dos políticos ao longo do tempo e a nostalgia em relação aos políticos do passado.

A arte da conversa na política (00:12:36)Discussão sobre a importância da conversa na democracia portuguesa e como a comunicação é treinada e organizada pelos políticos.

A comunicação dos políticos portugueses (00:16:54)Discussão sobre como os políticos atuais são percebidos como comunicadores.

A evolução da democracia em Portugal (00:21:28)Análise da evolução da democracia em Portugal e a representação dos interesses portugueses na Europa.

Os líderes políticos da terceira geração (00:23:29)Avaliação dos líderes políticos da terceira geração, sua formação e características.

O populismo e a desinformação (00:26:27)Discussão sobre o populismo, desinformação e a influência nas opiniões políticas.

Os indecisos e hesitantes nas eleições (00:30:42)Análise do comportamento dos eleitores indecisos e hesitantes e o seu impacto nas eleições.

Escolha entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro (00:32:06)Discussão sobre a escolha entre políticos e a influência da comunicação na decisão do voto.

Movimento interno dos partidos (00:33:13)Análise da importância da coerência e razoabilidade dos discursos políticos nos partidos.

Influência da opinião pública (00:36:17)Exploração da influência da opinião pública e dos analistas financeiros na correção das ações políticas.

Arte da conversa na política (00:39:08)Discussão sobre a habilidade dos políticos em perceber e moldar a opinião pública através da comunicação.

Combate à corrupção (00:44:22)Análise da responsabilidade dos grandes partidos na luta contra a corrupção e a necessidade de aperfeiçoamento do sistema.

O desafio do Serviço Nacional de Saúde (00:46:44)Discussão sobre os desafios de gestão e mobilização de recursos no Serviço Nacional de Saúde.

Reformismo na sociedade (00:47:30)Reflexão sobre a necessidade de reformas e a mobilização dos agentes para uma missão com paixão e competência.

A importância da liderança política (00:49:22)Análise sobre a necessidade de líderes políticos competentes e capazes de realizar mudanças eficazes.

Perspectivas sobre a paz na Europa (00:53:36)Reflexão sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e a importância de uma postura de respeito e diálogo para alcançar a paz.

O papel da diplomacia na política (00:55:01)Discussão sobre a importância da diplomacia e do diálogo na política, especialmente em busca da paz.

Os politólogos nasceram para nos ensinarem a arte da política.

São cientistas que se dedicam a estudar os movimentos, ideologias e atores políticos.

E como é bom de ver, funcionam como mediadores e explicadores da forma como políticos e cidadãos interagem.

Não só no momento do voto, mas imediatamente antes e depois.

Como nos seduzem, como geram confiança nos eleitores ou como estragam tudo.

A nossa relação com a política finge ser pragmática, mas é profunda e absolutamente passional.

Votamos porque nos apaixonamos. Zangamo-nos com os nossos políticos de eleição quando nos desiludiram ou não responderam às nossas expectativas.

Por isso esta edição com o politólogo José Adelino Maltez é muito sobre a decisão do Voto e a emoção.

A paixão e o vínculo emocional, segundo ele, são essenciais na decisão de voto, uma comparação interessante com a forma como os pais apoiam os seus filhos.

Falamos também sobre a qualidade dos políticos e a sua evolução ao longo do tempo. Aprendi, por exemplo, sobre a importância da comunicação e da capacidade de argumentação na política, defendendo Adelino Maltez que a democracia em Portugal é fundamentada no debate e na conversa política.

E não resisti a tentar saber como vota um politólogo. Que método segue para escolher os seus candidatos preferidos.

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TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA

JORGE CORREIA (00:00:00) - Viva Professor José Adelino Maltez. Politólogo Eu gosto da palavra. Gosto do som. Politólogo é um investigador da área da ciência política. Será uma forma mais correcta de colocar a coisa ao longo da.

ADELINO MALTEZ (00:00:14) - Designação da comunicação social?

JORGE CORREIA (00:00:16) - Então como é que se designa? Como é que, Como é que se sente?

ADELINO MALTEZ (00:00:19) - Sinto me bem. Quer dizer, gostava mais que fosse do português antigo, que era o republico, o republico publicado. Sim, utilizava se muito essa designação para mim, para quem falava publicamente sobre coisas política, era o republico. Mas isto é, na Renascença, a mesma coisa. O politólogo é uma francesa. Nada é melhor do que o cientista político. Tanto faz. Não somos nós que inventamos isso. É a qualificação que nos é dada. Assumimos, não assumimos. Ótimo.

JORGE CORREIA (00:00:58) - É assim que eu tenho uma curiosidade iniciática para esta nossa conversa, que é saber como é que votam os politólogos. Fazes uma grelha, Faz uma comparação entre propostas ou, como nós, comuns mortais, vota por convicções e por intuições por paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:17) - Por exemplo, agora, nestas eleições, faço parte dos indecisos. Até agora não é? E estou a ver como é que a coisa vai rebentar e como é.

JORGE CORREIA (00:01:27) - Que vê, como é que, que lentes é que usa para para observar a paixão.

ADELINO MALTEZ (00:01:31) - A paixão, a paixão? Gosto destes.

JORGE CORREIA (00:01:33) - Não gosto daqueles.

ADELINO MALTEZ (00:01:34) - Sim. Mais do que isso. Eu fui professor no activo, isto é, não, não jubilado ou não reformado durante quatro décadas e meia e tenho um grande orgulho. Tenho sempre um bom grupo parlamentar. Isto de alunos queridos não é alunos que foram alunos, alunos com quem conversamos. Portanto, tenho um bom grupo parlamentar. Agora vou ter um grupo parlamentar interessante. Eu, no dia em que for votar, se estiver muito hesitante, vou votar no meu aluno, mesmo que seja de uma ideologia diversa. Portanto.

JORGE CORREIA (00:02:09) - É uma vinculação emocional. Eu conheço este e.

ADELINO MALTEZ (00:02:12) - Eu conheço este. Eu quero que ele seja eleito e sou capaz de mudar de partido conforme os distritos, não é?

JORGE CORREIA (00:02:19) - É curioso porque isso acontece muito quando nós vamos votar nas nas eleições locais autárquicas, em que nós olhamos mais para o candidato do que propriamente para a cor do partido que ele representa.

JORGE CORREIA (00:02:30) - É ou não não concorda comigo?

ADELINO MALTEZ (00:02:33) - É um problema de filhos. Eu já sou velhinho, já sou avô de quatro netas e portanto olho muito os putos desta geração que agora manda que é a segunda geração. J Não. E depois? Passos Coelho Costa Apareceram agora os da geração seguinte. Quer dizer, já estamos em três gerações de jotas a ameaçar governar nos. Que são este?

JORGE CORREIA (00:02:58) - Estes são são os filhos do 25 Abril do pós 25 Abril do.

ADELINO MALTEZ (00:03:01) - Pós, porque o Costa e Passos e a geração 25 de Abril, estes já são da outra geração, da outra formação. E o que é que eles nos trazem? Esse é o meu problema. E como eu sou o passivo, olhe para os putos mais putos das pessoas crescidas e pais e diga se qual era o filho que eu gostava de ter tido e sou capaz de votar Epá, isto é rebelde! Este é um chato. Este está sempre com aquela cara a ler a cartilha. Eu voto como pai, avaliam os filhos com um bocadinho de amor.

ADELINO MALTEZ (00:03:38) - Apesar de tudo, não é ódio e acho graça, Acho graça. Este é assim, aquele e assado. E voto muito nesta intuição do pai ao professor relativamente ao seu aluno ou ao seu filho. E os pais e os professores não querem repetições. Não tem graça nenhuma. Se eu tivesse só um grupo parlamentar da minha área política porque não existia, estava tramado. Gosto muito mais disto do Bloco de Esquerda por aí fora. Por acaso não tenho. Agora ninguém nos chega nem nem no CDS, curiosamente. Mas nos outros as coisas estão repartidas. Sou capaz de ter o cuidado quando um se candidata, me mande um mail, mando lhe um sms. Parabéns! Votava em ti isto se fosse no tal distrito. Ele pensa que eu estou enganado, não é verdade? É verdade que.

JORGE CORREIA (00:04:33) - Esta questão da decisão do nosso voto estar ligado a um círculo distrital levanta nos um problema que é há distritos onde nós até podemos votar num outro candidato por convicção política, mas sabemos que ele não vai conseguir, que aquela força política não vai conseguir em círculos mais pequenos, não vai conseguir ser eleito e, portanto, o voto tende.

ADELINO MALTEZ (00:04:54) - Pois bem, mas isso é o que me aborrece na classe política, porque desde a década de 90, PS e PSD disseram que queriam em pleno, implementaram o modelo a Alemanha,