Hoje viajamos pelo universo do cérebro.
Pela maneira como comunicamos, como aprendemos, como sabemos quem somos e como somos.
Ou pelo menos sabemos qualquer coisa, do tanto que ignoramos.
Já imaginaram que a nossa máquina de pensar tem 86 mil milhões de neurónios? E 16 mil milhões são uma espécie de células VIP, vivendo numa assoalhada chamada córtex cerebral?
Já que estamos em modo de curiosidade enciclopédica, descobri que o cérebro, apesar de ter apenas 2% do peso do corpo, consome 25% da energia total.
O que me dá uma boa desculpa para comer muito.
Afinal é comida para o pensamento.
Agora a sério, este é um programa sobre a casa do pensamento. Aqui em cima, na cabeça.
Embora haja neurónios espalhados até pelo tubo digestivo.
Veem? Mais uma boa desculpa para comer bem.
A magia do funcionamento do cérebro humano é hipnotizante.
Há um infinito mistério quando tentámos compreender como um quilo e meio de células cinzentas consegue pensar tanto.
O tamanho pode até não ser tão importante.
Mas a capacidade de aprender, conhecer e recordar é provavelmente o segredo da inteligência humana.
A capacidade de pensar. De imaginar. De criar algo novo. De criar relações entre coisa, pensamentos e emoções.
Lá dentro, na caixa negra, por acaso cinzenta, há milhares de ligações, milhares de contactos.
Ou serão milhões de sinais elétricos?
É nesse cérebro onde guardamos as palavras que aprendemos. Que as agrupamos em frases, poemas e livros.
Que podemos imaginar, chamar alma ou simplesmente perguntar quem somos, de onde vivos e para onde vamos.
Cérebro onde tem provavelmente morada a consciência. E seguramente a nossa forma de ser e pensar.
Será alma? Será biologia?
Em busca de respostas vou em busca de um perguntador-cientista, Nuno Sousa um escutador profissional das neurociências, um hábil comunicador e tradutor simultâneo do que quer dizer a grande ciência.
Uma conversa que me deu que pensar.
Do nada, pouco, tanto ou tudo que podemos saber ou ignorar.
TÓPICOS:
O funcionamento do cérebro humano [00:00:12]Nuno Sousa discute a complexidade do cérebro humano e a sua capacidade de pensar, aprender e criar.
A natureza do conhecimento [00:03:23]Os diferentes níveis de conhecimento e a angústia de nunca saber tudo.
A influência das neurociências [00:06:48]Como o conhecimento das neurociências pode influenciar as nossas decisões de compra e votos políticos.
O cérebro humano se adapta [00:09:22]Como o cérebro humano possui capacidades plásticas para se adaptar aos estímulos e ao contexto que o rodeia.
A importância da conectividade cerebral [00:11:44]A importância da conectividade entre diferentes redes e regiões do cérebro, e como isso influencia a forma como nos comunicamos.
A complexidade do cérebro humano [00:14:11]Sobre a complexidade do cérebro humano, que permite antecipar o futuro, ter consciência de si mesmo e criar um sistema de valores próprio.
O funcionamento do cérebro humano [00:15:40]Neste tópico, é discutida a forma como o cérebro humano funciona, incluindo a criação de uma escala de valores pessoal e a importância de necessidades básicas como comida e frio.
A inteligência artificial [00:17:14]Nesta parte, é abordada a temática da inteligência artificial, sendo mencionado o potencial e os limites dessa tecnologia, assim como a sua influência na sociedade.
A influência das tecnologias na vida cotidiana [00:19:11]Neste tópico, é discutido o impacto das tecnologias, como o Google e os algoritmos de busca, na forma como as pessoas pesquisam e consomem informações, e como isso afeta a sociedade.
O uso da tecnologia na medicina [00:23:22]Discussão sobre o uso da tecnologia na medicina e como preparar os profissionais de saúde para utilizá-la de forma adequada.
A influência da máquina nas decisões clínicas [00:24:07]Conversa sobre a possibilidade da máquina resolver melhor os problemas de saúde e a importância de manter o controle sobre as decisões clínicas.
A relação entre médico e paciente [00:25:52]Exploração da importância de os médicos se preocuparem com o ser humano à sua frente, além de se fascinarem com a tecnologia.
Discriminação na escolha de modelos educacionais [00:30:56]Discussão sobre a falta de capacidade socioeconómica das famílias para proporcionar diferentes modelos educacionais aos seus filhos.
Previsões sobre o futuro dos cuidados de saúde [00:31:18]Exploração das previsões sobre o uso da tecnologia, a sofisticação da incorporação de dados e a importância das competências comunicacionais e de trabalho em equipe.
A importância da comunicação na área da saúde [00:35:43]Ênfase na importância da comunicação entre profissionais de saúde, pacientes e seus cuidadores, e a necessidade de desenvolver habilidades de comunicação adequadas às diferentes gerações.
Responsabilização cultural [00:38:37]Discussão sobre a mudança cultural na responsabilização individual e a complexidade dos processos sociais.
Inteligência coletiva [00:40:23]Exploração da expansão da inteligência coletiva e o surgimento de um cérebro coletivo através da interconexão de conhecimentos.
Desafios da informação [00:43:10]Reflexão sobre a capacidade do cérebro de discernir a verdade diante da propagação de notícias falsas e a importância do filtro na disseminação de informações.
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TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
JORGE CORREIA (00:00:12) - Ora vivam! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicação. Hoje vamos viajar pelo universo do cérebro, pela maneira como comunicamos, como aprendemos, como sabemos quem somos e como somos. Ou pelo menos sabemos qualquer coisa do tanto que ignoramos. Já imaginaram que a nossa máquina de pensar tem 86 mil milhões de neurónios E que 16 mil milhões são uma espécie de células VIP vivendo numa assoalhada chamada córtex cerebral? Já que estamos em modo de curiosidade enciclopédica, descobri que o cérebro, apesar de ter apenas à volta de 2% do peso do corpo, consome 25% da energia total, o que me dá uma boa desculpa para comer muito, afinal, é comida para o pensamento. Agora a sério, este é um programa sobre a Casa do Pensamento. Aqui, aqui em cima, na cabeça. Embora haja neurónios espalhados até pelo tubo digestivo. Vêem mais uma boa desculpa para comer bem. A magia do funcionamento do cérebro humano é hipnotizante. Há um infinito mistério quando tentamos compreender como é que um quilo e meio de células cinzentas consegue pensar tanto.
JORGE CORREIA (00:01:34) - O tamanho pode até não ser muito importante, mas a capacidade de aprender, de conhecer e recordar é provavelmente o segredo da inteligência humana. A capacidade de pensar, de imaginar, de criar algo novo, de criar relações entre coisas, entre pensamentos e emoções. Lá dentro, na caixa negra para casa cinzenta, há milhares de ligações, milhares de contactos ou serão milhares de milhões de sinais elétricos? E nesse cérebro, onde guardamos as palavras que aprendemos, que as agrupamos em frases, em poemas, em livros e que podemos imaginar chamar de alma. Ou simplesmente perguntar quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Cérebro onde provavelmente tem morada. A consciência é seguramente a nossa forma de ser e de pensar. Será alma? Será biologia? Em busca de respostas, vou à procura de um pensador cientista. Não sou um escuta de profissional das neurociências. É um hábil comunicador e tradutor simultâneo do que quer dizer a grande ciência. Numa conversa que me deu que pensar do nada pouco, tanto ou tudo que podemos saber ou ignorar.
JORGE CORREIA (00:02:50) - Viva! Não sou professor catedrático, diretor de um Centro Clínico de Investigação da Universidade do Minho e do Hospital de Braga. Certo xadrezista ouvi e ouvi agora xadrezista. É sempre engraçado esta esta ideia de que esses níveis do conhecimento. Ora, nós não sabemos nada e sabemos que nada sabemos. Ora, no topo da escala sabemos tudo que dominamos tudo. O rei do problema é que nós estamos normalmente no meio, entre e entre o não saber coisa nenhuma e o saber muito. E às vezes pensamos que sabemos tudo, já sem saber.
NUNO SOUSA (00:03:23) - Completamente correto, Jorge, O ponto é de facto o primeiro e o último nível. São estados que quase não existem porque obviamente nós sabemos sempre alguma coisa sobre alguma coisa, mas muito raramente sabemos tudo sobre alguma coisa. E, portanto, nós viajamos entre entre dois estados do conhecimento, um estado em que sabemos relativamente pouco, mas achamos que somos uns tipos que realmente dominam o assunto. Os maiores.
JORGE CORREIA (00:03:58) - Da Cantareira.
NUNO SOUSA (00:03:59) - Os maiores da Cantareira. É altamente perigoso em larga medida e muito pouco ansioso.
NUNO SOUSA (00:04:06) - Médico, é bom que se diga, porque para o próprio é muito simpático.
JORGE CORREIA (00:04:10) - E se faz uma embriaguez do conhecimento.
NUNO SOUSA (00:04:12) - É exactamente um tipo está embriagado por achar que é, que é, que é o da Cantareira mesmo sobre aquele assunto. E depois um estado muito mais difícil, que é aquele estado em que de facto, nós já sabemos bastante sobre o assunto. Mas temos aquela dúvida metódica de que se calhar não sabemos o suficiente para para nada, para resolver nada e portanto, nunca chega.
JORGE CORREIA (00:04:39) - Isso angustia, é isso, essa ideia de que eu nunca vou saber tudo.
NUNO SOUSA (00:04:46) - Não me angustiava. E essa é a beleza de se ficar mais velho. E digo isto sem problema nenhum, porque tu, tu aprendes os limites da tua pessoa. Isso é espetacular.
JORGE CORREIA (00:05:03) - Então esses tu.
NUNO SOUSA (00:05:03) - Humildade é um exercício de humildade. Precisamente quando um tipo é jovem, tem aquela ambição de que de facto eu vou ser a última coca cola no deserto daquele assunto e cuidar de tudo junto com a experiência não tem que ser necessariamente cuidada.
NUNO SOUSA (00:05:19) - Obviamente,