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Nunca tiveram a sensação de que o dinheiro se está a esvaziar na nossa carteira?

É a economia, estúpido, dizem-me vocês, cheios de razão.

Se há realidade que se altera por decisão das pessoas, essa realidade é a economia. 

Talvez isso explique porque é tão difícil fazer previsões económicas ou comunicar estas coisas do dinheiro. 

Se anunciamos a crise, as pessoas acautelam-se e compram menos.

Em princípio é inteligente. Cautelas e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.

O será que fazem? Se todos ficarmos com medo, gastamos menos, compramos menos, logo vende-se menos e com isso produz-se menos. Daí à queda dos impostos cobrados e ao desemprego é um saltinho.

E basta um susto. E lá se vai a expectativa por aí abaixo.

Ou então o contrário: uma súbita euforia, um par de informações que nem conhecemos bem, e desata tudo a comprar este mundo e o outro como se o planeta tivesse acelerado. 

E o ciclo torna-se magicamente otimista.

No fundo, isto da economia é uma espécie de montanha-russa: se acreditares vai, se não, agarra-te.

Esta primeira edição de ano novo é sobre o dinheiro. O que temos, o que desapareceu, o que devemos e o que esperamos ter.

Para onde está a ir o meu dinheiro?

O custo de vida, a inflação, os salários e as escolhas económicas que definem o nosso futuro. 

Decidi meter-me num molho de binóculos e tentar descomplicar assuntos que, à primeira vista, parecem técnicos, mas que estão presentes no nosso dia a dia.

Mas não venho sozinho. Convidei Pedro Brinca, professor na Nova SBE e especialista em macroeconomia. A economia dos grandes. A que acaba por mandar nos nossos tostões.

Por que razão os preços dispararam? 

Pense no supermercado: o tomate que costumava custar um euro agora está o dobro, e a conta final já não parece a mesma. 

Durante a pandemia, muitas cadeias de produção pararam, e isso gerou um efeito dominó. Produtos essenciais começaram a escassear, e mesmo após o regresso à normalidade, a energia mais cara e os custos de transporte mantiveram os preços altos. Essa realidade chegou também à produção agrícola: os fertilizantes, dependentes de energia, tornaram-se mais caros, e isso reflete-se em alimentos básicos que consumimos diariamente.

Mas será que é só isso? Ou aproveitando a maré, alguém fez subir a conta mais do que o aumento do custo das coisas?

Outro exemplo prático vem do crédito à habitação. 

Se tem um empréstimo, já sentiu o peso das prestações a subir. Agora parece finalmente aliviar um bocadinho. Mas subiu muito nos últimos anos.

Para muitas famílias, isso significa apertar o cinto, cortar viagens, refeições fora ou outras despesas que antes eram possíveis. É carestia da vida em todo o seu fulgor.

Este fenómeno não é apenas uma coincidência. As taxas de juro são ajustadas pelos bancos centrais para reduzir a inflação, retirando dinheiro do consumo. 

Mas será justo que tantas famílias suportem esse fardo?

Há também uma reflexão sobre as características da economia portuguesa. Pense nos pequenos negócios, como salões de cabeleireiro ou cafés. Apesar de serem fundamentais para a comunidade, a dependência excessiva deste tipo de empresas dificulta o crescimento do país. Negócios pequenos têm menos capacidade de gerar empregos com bons salários ou de competir no mercado global. É por isso que as economias mais dinâmicas apostam em grandes empresas e em inovação, algo que Portugal continua a desenvolver.

E o que dizer dos salários? Ai que dor.

Muitas pessoas sentem que, mesmo ganhando mais, o dinheiro simplesmente desaparece. Isso é explicado pela “ilusão monetária”: se os preços sobem mais rápido que os salários, o poder de compra reduz-se. Parece que se está sempre a correr atrás do prejuízo, e isso é uma das maiores preocupações para quem tenta equilibrar o orçamento doméstico.

Mas há pontos positivos. A sério.

 Por exemplo, em comparação com outros países, os salários reais em Portugal têm mostrado sinais de recuperação, e o poder de compra está a ser restabelecido em algumas áreas. 

Portanto, toca a passar do pessimismo ao otimismo.

Diz que pessoas felizes são boas para a economia. 

Além disso, há cada vez mais discussões sobre como melhorar as políticas públicas, atrair investimento e criar condições para um futuro mais sustentável e competitivo.

Porque a vida não é só economia, refletimos também sobre como o desporto e outras paixões podem equilibrar a racionalidade com a emoção. Porque, no fundo, comunicar bem é essencial, seja para entender os problemas, seja para inspirar soluções.

Sabiam que Pedro Brinca é um fervoroso benfiquista? 

Portanto, um importante pensador económico tem dentro de si um fervoroso e pouco racional adepto.

Eu, que sou do FC Porto nem arrisquei contrariá-lo. Sabe deus o que poderia acontecer à dívida, inflação ou ao preço do dinheiro.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

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Um dos desafios na Europa hoje tem uma marca de um construtor de telemóveis europeu. Mas eles entraram pela net e não gostaram de ouvir. Não querem? Pois eles não. A Europa não existe no mercado mundial de semicondutores e só de competitividade a Europa não existe. Esse é que é o ponto de vista industrial. Ficamos para trás, pois é do resto, na era das ideias, da inovação.

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Pois não é, não é. Não é nada bom, não, eu não estou a ouvir, não está. Isto está no máximo e eu não estou a ouvir nem quer dizer, ok, era estupidez do animal, o que é normal já está, já está aqui. Eu não tinha o zingarelho aqui metido. Supostamente apanhei um perfil da minha voz, mas. Mas eu estou a gostar.

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Não, não, não preciso. Não há nada. Queres ouvir o que queres ouvir? O convidado fala assim Um, dois, três, três, três, um, dois, três. Até podes afastar mais o microfone se quiseres, para além de só para dar mais confortável eu ficar aqui, os meus leitores do Draghi ficas falando quero falar do Draghi, quero o driver para lá que eu tenho.

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Por isto aqui, no silêncio. E isto aqui no silêncio, no modo de dormir. Tens que fazer uma entrevista quando eu vou anunciar a minha candidatura à Assembleia Municipal de Santa Comba Dão por vais candidatar para jantar em Santa Comba Dão? Acho que sim, em princípio. E ao Benfica também. A sério? Ah pois é. É pá, isso é uma, isso é tudo isso, é tudo um epifenómeno, tudo um epifenómeno, para que eu não compreenda o que é o desporto, o futebol, o futuro, o futebol profissional.

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Eu não entendo aqui o que é que não entendo, o que é que a malta foi com Ricardo Paes Mamede? O gajo está comigo. Ele veio pela primeira vez o Estado português. Nunca tive um estalo, só tive tipo um. Vi um jogo em Itália. Tem pela cara maionese. Assim que entra lá, gostaria de 20.000 pessoas que o acho que é maluco.

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Não, mas. Mas eu gosto de ir, mas eu gosto de ir ao estádio. É para. Eu gosto do ambiente, está ali, o ambiente está de bom, mas tu não gostas. Epá, da polarização daquela merda é de e de imagético. Muito, muita. Eu percebo. Mas o que eu não percebo é. Como é que aquilo não é cuidado como um espetáculo no sentido de melhorar o espetáculo entre os teus pais, a tua voz, assim como não piorou, acho que ter alterou preset, piorou, pirou.

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Fazer uma equalização então não manda não. Não gosto, não Tem tudo do sítio não. A minha voz estava francamente melhor. Agora está francamente melhor. Vamos fazer uma batota. Tu consegues gravar, equalizar na minha voz? Epá, tá ótimo. Esta equaliza a minha voz e põe sobre isso presente. Pode ser? Se puder ser livre. Assim os ouvintes connosco, O futuro Prémio Nobel da Economia, O homem que nos vai explicar como o vencer em três penadas e a inflação tá ótimo.

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Epa, é um bocadinho não, Eu gosto é que consegue passar por cima dessa por por estes teus valores em cima, em cima do presente. Queres que eu fale mais bem? Pedro brinca. É economista e professor da nova Business School Economics, em Lisboa. Precisamos ter macroeconomia, política, monetária, fiscal e desigualdade económica em paz. Isto é, a tradução de inglês para português, de fiscal orçamental, orçamental, fiscal e orçamental.

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Então eu vou pôr já aqui. Orçamental não quer dizer que também não seja a melhor estatização, mas está muito melhor. Olha essa coisa aí, esse computador é do teu lado esquerdo. Tenho uns vermelhinhos aí. Vermelho. De resto, tá assim com ar de. Deve estar reco reco reco reco e o botão de cima que diz aqui deve estar. Eu seguro para.

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Orçamental Exactamente. Essa ciência ao contrário.

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De agora, aqui e agora. Quer vocês, ouvintes de tudo isto por aqui e coiso. E põe isso quando quem quiser. Eu também vou por aqui. São. Um Mas adorei tanto as eleições, pá! Foi espetacular. Eu tinha pago para vir, por isso é que também não. Exato. Portanto tu ganhaste. Tiveste um valor acrescentado que nem sonhaste que existia e fiz a melhor previsão da noite.

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Fiz a melhor previsão da noite porque ainda as pessoas não estavam a sair. Eu avisei. Olha que as sondagens estão a dar resultados muito competitivos, muito próximos. Uma eleição muito renhida. Mas os erros têm uma correlação especial, pois com toda a gente porque quer que eles façam. E eu também não sei porque é que há uma correlação espacial desde o mapa dos Estados Unidos e se as sondagens subestimarem Trump, não estava a probabilidade que no estado ao lado, que parece que está renhido a votação do Trump também ter sido subestimada é enorme.

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Há um contágio. É o que a fotografia da realidade pode ser contagiada e conforme vão mudando, significa que passa de um lado para o outro. Não é necessariamente. Isso quer dizer que o enviesamento da sondagem é sistemático,