Ser adepto não é fácil.
Seguramente ser jogador de alta competição parece ser ainda mais difícil.
A linguagem dos corpos em movimento é muitas vezes mais honesta que as respostas nas conferências de imprensa.
Seja no mais belo dos movimentos, seja no esgotamento desenhado nas caras dos jogadores ao minuto 120.
O selecionador e treinador de Portugal Roberto Martinez parece ser um bom comunicador. Mas o que diz parece não ligar com a realidade. O que me causa estranheza.
Martinez é claramente um bom comunicador na forma. Mas depois há o conteúdo.
Às perguntas difíceis responde desconversando.
É o modo "pergunta-me o que quiseres, respondo o que me apetecer."
A forma é sempre imaculada. O discurso, todavia parece plástico.
As respostas são sempre de um optimismo extremo.
O jogo foi sempre magnifico. Os atletas insuperáveis e Ronaldo o maior de sempre e em todos os jogos.
E o raio da estatística, fria e calculista, insiste em contrariar o otimismo da fórmula de comunicação do treinador.
É uma boa lição para todos os comunicadores, ou como não fazer. A boa estética de comunicação não basta. As mensagens têm que ter suporte na realidade. Só assim emprestam credibilidade ao discurso.
A menos que as teorias da pós-verdade tenham contaminado o futebol.
Ou será que o futebol de alta competição é o precursor dessa forma de ver o mundo.
Afinal no futebol o que hoje é verdade, amanha é mentira.
Mas não há só comunicação menos real.
Há excelentes surpresas também.
Jogadores como Vitinha, Palhinha, Bruno Fernandes ou Bernardo Silva falam a linguagem das pessoas reais. Explicam o que fizeram, o que sentem, os sonhos e as dores. Sem fingimentos, olhando nos olhos.
Vi o mesmo em Diogo Costa.
As palavras da sua fala pública liga-se bem sua soberba prestação em campo.
4 defesas, 3 na ronda de penaltis que apurou Portugal para a próxima ronda do europeu.
Em busca de aprender um pouco mais sobre o fenómeno do futebol fui ouvir Rui Miguel Tovar. Jornalista, comentador e historiador do melhor desporto do mundo.
TÓPICOS & TEMAS
Inicio (00:00:00)
A importância da linguagem corporal (00:00:12)Discussão sobre a comunicação no futebol, destacando a linguagem corporal dos jogadores e treinadores.
A comunicação do treinador Roberto Martínez (00:01:32)Análise da comunicação do treinador, abordando a estética e o conteúdo de suas mensagens.
A surpreendente atuação do goleiro Diogo Costa (00:02:41)Destaque para a atuação surpreendente do goleiro Diogo Costa e sua comunicação autêntica.
A dinâmica do jogo entre Portugal e Eslovénia (00:03:38)Discussão sobre a dinâmica do jogo, incluindo momentos de tensão e reviravoltas.
O desenvolvimento de Rui Patrício (00:13:40)Discussão sobre a evolução do jogador nas mãos do treinador Paulo Bento e seu papel como herói no Euro 2016.
Diogo Costa e suas características (00:14:11)Análise das habilidades e atuação do goleiro Diogo Costa, incluindo sua capacidade de sair aos cruzamentos e habilidades com os pés.
O futuro de Diogo Costa (00:15:30)Questionamentos sobre a permanência do goleiro em Portugal e seu potencial para jogar em clubes europeus de alta categoria.
Desempenho dos treinadores portugueses (00:16:25)Reflexão sobre a presença de treinadores portugueses em competições de alto nível, como a Liga dos Campeões, e suas conquistas.
Análise das defesas de Diogo Costa (00:18:27)Discussão sobre as defesas do goleiro nos penáltis, destacando sua técnica e habilidade.
Estratégias de batedores de penáltis (00:20:19)Análise das declarações de Bruno Fernandes e Diogo Costa sobre as estratégias e intuições utilizadas na marcação e defesa de penáltis.
Marcadores canhotos de penáltis (00:22:53)Exploração da tendência de destros marcarem mais penáltis, com exemplos de jogadores canhotos que marcaram ou não marcaram penáltis.
Influência de Cristiano Ronaldo e sua mentalidade (00:24:25)Reflexão sobre a influência de Cristiano Ronaldo, sua liderança e mentalidade no contexto da seleção portuguesa.
Desempenho de Cristiano Ronaldo (00:26:13)Discussão sobre o desempenho de Cristiano Ronaldo e sua titularidade na seleção portuguesa, considerando seu histórico e contribuição para a equipe.
00:27:13 - Análise tática e posicionamento em campoDiscussão sobre a tática de jogo, posicionamento dos jogadores e críticas ao esquema tático da equipe.
00:29:29 - Desempenho das seleçõesComparação do desempenho das seleções de futebol, destacando a sincronização da equipe e a atuação da Espanha.
00:32:15 - Falta de dinamismo e movimentaçãoAnálise sobre a falta de movimentação e dinamismo da equipe portuguesa durante as partidas.
00:35:31 - Expectativas para o próximo jogoDiscussão sobre as expectativas e desafios para o próximo jogo da seleção portuguesa.
00:38:33 - Análise crítica do discurso do treinadorCrítica ao discurso do treinador e sua abordagem após os jogos, questionando a comunicação e as expectativas transmitidas.
O jogo com a Eslovénia (00:40:33)Discussão sobre a atuação e desempenho do jogo entre Portugal e Eslovénia.
Comunicação dos jogadores (00:44:26)Análise da comunicação dos jogadores nas conferências de imprensa e nas zonas mistas.
A falta de acesso à informação (00:47:08)Reflexão sobre a falta de acesso dos jornalistas à informação sobre o que acontece dentro da equipe.
Experiências de entrevistas (00:49:11)Experiências do locutor ao entrevistar treinadores e jogadores de futebol em diferentes contextos.
Importância da comunicação dos jogadores (00:51:26)Discussão sobre a importância da comunicação dos jogadores para se aproximarem do público e transmitirem mensagens claras.
Entrevista com Casillas (00:52:46)Rui Miguel Tovar compartilha detalhes de uma entrevista com Casillas durante a Copa do Mundo de 2010.
Previsões para a Euro 2020 (00:53:45)Discussão sobre as apostas para a Euro 2020 e a análise das equipes favoritas.
Portugal na Euro 2016 (00:54:36)Reflexões sobre a participação de Portugal na Euro 2016, destacando jogadores e desempenho da equipe.
Expectativas para o jogo (00:55:52)Análise das expectativas para o jogo e a capacidade de Portugal de complicar a vida dos oponentes.
Final da Euro 2016 (00:56:25)Recordações e análise da final da Euro 2016, incluindo a atuação de Rui Patrício e Cristiano Ronaldo.
Vitória de Portugal na Euro 2016 (00:58:00)Reflexões sobre a vitória de Portugal na Euro 2016 e a importância da equipe como um todo.
Superstição antes do jogo (00:58:18)Conversa sobre possíveis rotinas ou superstições antes dos jogos.
Magia do futebol (00:58:56)Reflexões sobre a imprevisibilidade e a magia do futebol, destacando a influência do acaso e do desempenho individual.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
JORGE CORREIA (00:00:12) - Ora viva! Bem vindos ao Pergunta Simples. O vosso podcasts sobre comunicação sofreram muito a ver Portugal no jogo com a Eslovénia? Sim, eu sofri e muito, confesso. E interrogo me porquê. Afinal é apenas um jogo de futebol, nada mais. Um espetáculo desportivo. Mas aparentemente é muito mais do que isso. Nesta edição falamos de futebol e de tudo o resto que a bola nos traz. É um programa de heróis e de vilões, de treinadores de bancada e adeptos que reclamam saber mais do jogo do que os melhores treinadores do mundo. E ai de que alguém os contrariem. Ser adepto não é fácil. Seguramente ser jogador de alta competição parece ser ainda mais difícil. A linguagem dos corpos em movimento e muitas vezes mais honesta do que as respostas nas conferências de imprensa, seja no mais belo dos movimentos, seja no esgotamento desenhado nas caras dos jogadores. Ao minuto 120, o selecionador e treinador de Portugal, Roberto Martínez, parece ser um bom comunicador. Mas o que diz por vezes, parece não ligar com a realidade, o que me causa alguma estranheza.
JORGE CORREIA (00:01:32) - Martínez é claramente um bom comunicador na forma. Mas depois há o conteúdo e as perguntas difíceis, responde, desconversando. E o modo Pergunta me o que quiseres que eu respondo que me apetecer. A sua forma é sempre imaculada. O discurso, todavia, parece por vezes plástico. As respostas são sempre de um otimismo extremo. O jogo foi magnífico, os atletas insuperáveis e, claro, o Ronaldo, o maior de sempre de todos os jogos, é o rei da estatística. Fria e calculista, insiste em contrariar o otimismo da fórmula de comunicação do treinador. É uma boa lição para todos os comunicadores. Ou como não fazer? É que não basta uma boa estética de comunicação. As mensagens têm que ter suporte na realidade e só assim emprestam credibilidade ao discurso. A menos que as teorias da pós verdade tenham também contaminado o futebol. Ou será mesmo que o futebol de alta competição é o precursor dessa forma de ver o mundo? Afinal, no futebol, o que hoje é verdade, amanhã é mentira. Lembram se da frase Mas não há só comunicação menos real.
JORGE CORREIA (00:02:41) - Há também excelentes surpresas. Há jogadores como Vitinha, Palhinha, Bruno Fernandes ou Bernardo Silva. Falam a linguagem das pessoas reais, Entendem o jogo e conseguem explicá lo. Explicam o que fizeram, o que sentem, os sonhos e as dores sem fingimentos. E olhando nos olhos. Vi o mesmo em Diogo Costa, o guarda redes. As palavras da sua fala pública ligam se bem com a sua soberba prestação em campo. Quatro defesas, três na ronda de penaltis que apurou Portugal para a próxima ronda do Europeu. Em busca de aprender um pouco mais sobre o fenómeno do futebol e da linguagem do futebol e dos seus atores. Fui ouvir Rui Miguel Tovar, jornalista, comentador e, arrisco até dizer, historiador do melhor desporto do mundo. Viva! Rui Miguel Tovar, Jornalista, comentador. Eu arriscaria mais dizer que tu és historiador do futebol.
RUI M TOVAR (00:03:37) - E.
JORGE CORREIA (00:03:38) - Filho de quem és, porque a tua voz não engana.
RUI M TOVAR (00:03:40) - É verdade. E toda a gente diz.