Procuro o som perfeito.
O som que nos inspira. Que nos faz sentir bem. Que nos envolve.
Pode ser uma música, pode ser uma voz rica com o timbre mais bonito que ouvimos alguma vez. Pode ser o vento, a chuva ou o mar.
Num mundo onde há bombas a cair, gritos de quem sofre ou silêncio de quem não sobreviveu, celebro os sons bons.
Do choro da criança que nasce, da voz que se embarga de alegria, da música, do fado e folclore que nos explica esta coisa de ser português.
Da voz que nos acalma na ansiedade ou nos incita para a próxima conquista.
Este episódio é uma dança entre o silêncio e o som.
De onde vem o som?
Vem todo o lado. Vem ter connosco a todo o momento.
Até estranhamos quando não vem de lado nenhum.
Quando há o silêncio.
A ausência de som.
Que até nos pode incomodar. Que nos obriga a preencher esse vazio.
Uma das técnicas de entrevista que sempre gostei de usar é a de guardar um par de segundos de silêncio quando pressinto que a pessoa com quem falo está prestes a dizer-me precisamente o era obrigatório dizer. O silêncio apenas criou espaço para isso.
Depois há o som. Omnipresente. Vem de frente, de trás, dos lados, de baixo, de dentro de nós, da nossa garganta ou do centro do ouvido.
O som imersivo. Que se poder recriar em estúdio usando uns curiosos microfones em forma de orelhas humanas. Para nos sentirmos ainda mais dentro do som.
Som que pode pintar espaços com ambientes sonoros. Quem não se lembra do eco das salas grandes ou da surdez das casas com muitas alcatifas, ou cortinados pesados.
Ou da vibração sonora no estádio de futebol. Do centro comercial em hora de ponta.
Ou do cantor, à capela, nas ruas da cidade, ou no terreiro da aldeia, ao desafio, apenas com uma concertina.
São tudo sons da nossa vida. E dentro deles o da voz humana. O mais belo instrumento.
Atentem nos primeiros segundos à voz que vos apresento.
É de Manuel Faria, um arquiteto do som. Um criador de ambientes sonoros.
Façam silencio. Subam o volume. Este programa é para degustar.
Então e quais são os sons da sua vida?
Quais são os que preenchem a banda sonora da sua existência?
Há uma música especial? Talvez aquela que tocada no mais mágico dos momentos.
Ou será o marulhar das ondas do mar de verão?
Ou da ventania da tempestade de inverno?
E as vozes? De quem é a voz que guardam no momento em que vos disse algo ao ouvido. Daquelas vozes que parecem carregadas de eletricidade. Que dizem palavras com poder infinito de nos emocionarem.
Pensem nisso. Liguem a essa pessoa, com a voz mais significativa do mundo e digam-lhe que gostam dela.
Da voz e da pessoa.
Se houver um pequeno silêncio a seguir, sorvam-no com lentidão.
É um silêncio dos bons.
Respirem fundo. Escutem atentamente. Permitam-se perder-se nas melodias que envolvem a sua vida.
Existem sons que transcendem o tempo, que ecoam na trilha sonora da sua jornada.
Existe uma canção especial? Talvez aquela que tocou no momento mais mágico da sua vida.
Ou será o som das ondas num calmo mar de verão?
Ou o vento furioso de uma tempestade de inverno?
E as vozes? De quem é aquela voz que ainda ecoa nos seus ouvidos? Aquela voz que parece carregar uma eletricidade única, capaz de emocionar profundamente.
Pensem nisso. Conectem-se com essa pessoa, com a voz mais significativa do mundo, e digam-lhe que a amam.
Amem a voz e a pessoa.
Se houver um breve silêncio depois disso, saboreiem-no com calma.
É um silêncio que traz paz.
CAPÍTULOS:
[00:00:00] Abertura
[00:01:21] Explorando o Universo do Som - Produção De Som E Áudio Imersivo
[00:15:37] Desvendando os Mistérios do Som Binaural e a Música Cultural - Cantar E Dançar Na Cultura Ocidental
[00:27:55] A Arte Sonora Descomplicada - Importância Da Voz E Técnica Na Música
[00:44:05] Áudio Imersivo: Uma Viagem pelo Mundo do Som - Importância Do Call Center, Ruído Música, Som e Emoção: Som e Cultura: Descobrindo Novos Horizontes; Decifrando o Som: Uma Jornada pelo Áudio Imersivo
[00:54:30] O Som Mais Bonito do Mundo:
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
00:00:12:22 - 00:00:39:09
JORGE CORREIA
Vivam bem-vindos ao pergunta simples ou voz pública sobre comunicação? Nunca é demais agradecer vos. O programa fez 150 episódios. Estamos no episódio 151 da contagem. Neste exato programa são mais de 5000 ouvintes regulares que merecem este encontro semanal. Para falarmos de comunicação nas suas múltiplas vertentes. Uma desculpa como outra qualquer para nos encontrarmos e falarmos da vida.
00:00:39:18 - 00:01:01:22
JORGE CORREIA
Do que nos apaixona. Do que desejamos e do que nos dói. Obrigado pela escuta. Obrigado por partilharem com o vosso círculo de amigos a pergunta simples. Na última semana fui em busca da felicidade. Em bom rigor, fui procurar saber o que nos torna felizes e por isso, nesta semana vou em busca de nada mais, nada menos do que o som perfeito.
00:01:02:10 - 00:01:40:11
JORGE CORREIA
Ouviram? Bem, procuro o som perfeito, o som que nos inspira, que nos faz sentir bem, que nos envolve. Pode ser uma música, pode ser uma voz rica, com um timbre mais bonito que ouvimos. Pode ser o vento, pode ser a chuva ou o mar. Num mundo onde há bombas a cair, gritos de quem sofre e silêncio de quem não sobreviveu, celebro os sons bons do suor da criança que nasce da voz que se embarga de alegria, da música, do fado, do folclore, que nos explica esta coisa de ser português, da voz que nos acalma na ansiedade ou que nos incita para a próxima conquista.
00:01:41:04 - 00:02:23:22
JORGE CORREIA
E este episódio é uma dança entre o silêncio e o som. De onde vem o som. Vêm de todo o lado, vêm ter connosco a todo o momento. Até estranhamos quando não vem de lado nenhum. Quando há o silêncio, a ausência de som até pode incomodar, o que nos obriga a preencher esse vazio. Uma das técnicas de entrevista que sempre gostei de usar e de guardar um par de segundos de silêncio quando pressinto que a pessoa com quem fala está prestes a dizer me precisamente o que era obrigatório dizer.
00:02:24:09 - 00:02:51:00
JORGE CORREIA
O silêncio apenas criou esse espaço. Depois as pessoas falam. Depois há o som omnipresente. Vem na frente de trás dos lados, de cima de baixo da nossa garganta, do centro do nosso ouvido. O som imersivo que se pode recriar em estúdio, usando uns curiosos microfones em forma de orelhas humanas para nos sentirmos ainda mais dentro do som. O som que pode pintar espaços com ambientes sonoros.
00:02:51:10 - 00:03:17:00
JORGE CORREIA
Quem não se lembra do eco das salas grandes ou de surdez das casas com muitas alcatifas ou cortinados pesados? Ou da vibração sonora de um estádio de futebol do centro comercial à hora de ponta ou do cantor à capela, nas ruas da cidade ou no terreiro da aldeia, ao desafio apenas com uma concertina. São tudo sons da nossa vida e, dentro deles, o da voz humana, o mais belo dos instrumentos.
00:03:17:12 - 00:04:01:14
JORGE CORREIA
Atenta nos primeiros segundos a voz que vos vou apresentar é a de Manuel Faria, um arquiteto de sons, um criador de ambientes sonoros. Façam silêncio sobre o volume. Este programa é para degustar. Viva Manuel Faria, músico, compositor, produtor. Todos o conhecemos como uma das pessoas que iniciou o Trovante. Eu peço desculpa, mas para mim será sempre os Trovante no é que temos aqui a alguém que batizou no fundo a banda antes de ser obrigado por me receber aqui estamos no seu estúdio, no estúdio Indigo.
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JORGE CORREIA
Para quem não está habituado nestas coisas do som, é aqui que se criam spots publicitários. É aqui que se faz a magia do som. O que se faz aqui.
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MANUEL FARIA
Faz se muita coisa, não se fazem só spots publicitários. Gravamos música, música para cinema, música para televisão, música para teatro. Gravamos também discos de artistas, de alguns artistas que com quais trabalhamos e fazemos muita pesquisa em duas áreas fundamentais na área do audio branding e na área do áudio imersivo.
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JORGE CORREIA
E para quem não sabe nada sobre estas coisas do áudio? O que é isso? Já vimos ali há bocadinho um auscultador que tem literalmente orelhas, orelhas onde há um microfone, um microfone e verdade. Que serve para quê? Para que serve um microfone com orelhas certas?
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MANUEL FARIA
Fazer gravações binaural? O que é que é uma gravação binaural? Nós, quando ouvimos a maneira como nós ouvimos os sons, nós ouvimos numa esfera à nossa volta. Não é a nós. Não é como os nossos olhos, que têm um ângulo pequeno de 120 graus. Nós temos 360 graus e os nossos ouvidos estão habituados a interpretar a direção de onde o som vem através das vibrações.
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MANUEL FARIA
Nestes pequenos lóbulos que as nossas orelhas têm.
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JORGE CORREIA
É quase um ato mecânico. É quase um pequeno eco que acontece dentro de pequenas reflexões.
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MANUEL FARIA
As orelhas têm assim uma forma estranha. Se nós analisarmos com cuidado, tem uma parte que é o sargos, o antigo sargos, tem todas estas partes e está em nomes. E cada parte desenha destas. Serve para produzir reflexões que nós, desde muito bebés, nos habituámos a perceber que aquele tipo de som é um som que vem de trás. Portanto, nós arranjamos um par de microfones que também tenham orelhas.
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MANUEL FARIA
O quando eles captam o som capta o som com essas vibrações, com essas pequenas reflexões incluídas no som.
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JORGE CORREIA
Portanto, nós, no fundo, sem saber, programamos o nosso cérebro, porque é lá que estão interpretados a nossa capacidade de ouvir a perceber que um determinado som, através da maneira como reverbera, da maneira como.
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MANUEL FARIA
O reflete, como refletem que.
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JORGE CORREIA
Ele vem daqui,